- Começou tudo mal... se tentássemos não iríamos durar nada.
- Como sabes? Porque dizes isso? Do que oiço nada é mau, gostas da pessoa, das ideias que tem e defende, admira-la: a sua forma de ser, de agir, de pensar. E há ternura, além de paixão. Amizade, querer bem... se isso é um mau começo, não faço ideia como possa ser um bom!
- Não percebes, não ia dar certo, não podia durar muito.
- Numa coisa dou-te razão, se achares que não vai dar certo, não dá mesmo. É escusado. E acho que é mesmo isso que estás a fazer, a assegurar-te que não dá, matando antes até de poder viver. É mais fácil ter medo de ser feliz, de que dê certo, porque ser feliz é também o risco enorme de deixar de o ser... É muito mais fácil desistir e não pensar mais nisso - ou tentar, e garanto-te que vai ser difícil esqueceres depois todos os "ses"- do que desistir sabendo que podia estar ali a tua felicidade. Por isso convences-te que afinal não ia dar nada, afinal desistir dum fracasso é fácil. E é isso que estás a fazer, a contrariar tudo de bom que vês, tens e sentes!, para te convenceres dum fracasso. Porque só assim consegues desistir sem dor. Auto-sabotagem, um clássico no seu melhor (ou pior). Acredita em mim, pelo que dizes, o começo não é mau, pode é não ser fácil, mas esse fim, apesar de fácil, é o pior. Não fujas de ser feliz, pondo as culpas na vida e nas circunstâncias. Há piores e mais difíceis distâncias que as físicas, e se fores por esse caminho vais acabar por descobri-las. Vais um dia estar ao lado de alguém, e entre vocês caberiam todos os oceanos. Não escolhas isso.
[é engraçado como há conversas que não sendo iguais, são as mesmas. Como tudo é diferente, mas como tudo se repete, de uma forma ou de outra, com uns ou outros contornos. Os contextos variam, as essências não. E a auto-sabotagem, o não acreditar em algo bom, o estar-se tão comodamente instalado no mau ou medíocre, que se prefere o conhecido à audácia de esperar mais, merecer mais, acreditar em mais, e principalmente arriscar ser feliz ou mais feliz e poder perde-lo. Afinal desistindo não se chega a perder nada, porque não se tem nada que doa muito perder. A covardia tem muitos contornos, mas a essência é a mesma, e todos se calhar lá caímos, de uma forma ou de outra. Ou o tempo assim nos convença a fazer, por nos fazer crer que já não há mais. O medo destrói mais que a dor.]
Aqui se encontra um texto ao qual não acrescentaria nem retiraria uma vírgula que fosse ;) Será a história da vida de alguém para além de ti mesma.
ResponderEliminar:) infelizmente é a história da vida de muita gente esta auto-sabotagem, este medo que paralisa tanto ou mais que a dor. As histórias repetem-se, só se vestem de maneiras diferentes. No meu caso espero que tenha sido apenas uma história da minha vida e não a história da minha vida, mas às vezes demoramos a aprender...
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