quinta-feira, 29 de abril de 2021


Dia de dançar. 
Eu dou-te música, e tu danças-me.
Tu dás-me música e eu danço-te.
Dançamos. Às vezes.

Nem todos dançam ao teu ritmo, nem todos ouvem a tua música, 
nem todos sabem dançar contigo. 
Nem todos te dão música que tu queiras dançar, 
nem todos (te) sabem dançar, 

mas alguns sim. 
Então ouve, e dança, e aproveita.


I put one hand on your round ripe heart
And the other down your panties
Everything is falling, dear
Everything is wrong
It’s just history repeating itself
And babe, you turn me on

Like a light bulb
Like a song
...

Like an idea
Like an atom bomb

BUMM!
[adoro o BUMM no fim]

quarta-feira, 28 de abril de 2021

 E a meio da tarde de trabalho, já com fome e cheia de vontade de mandar tudo para o sumiço, apareceu-me com um prato de panquecas, empilhadas com banana e chocolate quente. E eu fiquei quase sem reacção, sem saber bem o que dizer, sabendo bem o que me queria dizer.  E ali, ali mesmo, naquele momento, senti-a minha, tão minha, como às vezes sinto, raras mas como raios que me atingem até à espinha do ser. E é uma sensação estranha, misto de tantas coisas. Lembrou-me alguém que conheci, parece-me agora que já há muito tempo, quase irreconhecível, quase de outra vida, de tão longínquo me parecer.  E estranhamente tive medo, medo por ela, talvez pela maneira como sente as coisas, como gosta, como mostra, os gestos doces e ternos que tem, sem ter ainda de mergulhar fundo em si, sem ter de atravessar camadas e camadas, tão à flor da pele lhe estão. Tão desprotegidos ainda. É arisca, é, tenho de a obrigar a, às vezes, deixar-me dar-lhe mimo, mas depois tem estas coisas, que não são ditas e que me deixam sem palavras, porque me sentiu triste, zangada com a vida, desalentada, deu-me um abraço inteiro, tão inteiro que só se podem dar por dentro de um gesto, como certas palavras só se dizem no silêncio de alguns olhares. 

[O único problema foi mesmo que comi o prato todo, e agora que não ando a fazer o meu exercício diário à conta das minhas cruzes não deixarem e só me apetecer - também por isso -  vociferar como gente destravada, está a pesar-me na consciência e não só... aparte disso, foi das coisas mais bonitas que me aconteceu nos últimos tempos.]

terça-feira, 27 de abril de 2021

segunda-feira, 26 de abril de 2021

domingo, 25 de abril de 2021

 

[imagem @virgola_ ]

Há uns anos,  não sei quantos, lembro-me de  - também num dia murcho como este, de luz baça, fina e sem força - receber estas palavras "hoje é dia para uma revolução". Lembro-me de achar piada à frase, à alusão oportuna, e de responder qualquer coisa como "qualquer dia é um bom dia para uma revolução que se precisa e quer, é preciso é querer", o que eu acho que é verdade, e mostrava, também,  que na verdade não acreditava na frase recebida, ainda que não me tenha esquecido da frase, nem do dia - pelos vistos e pelo menos - até hoje. O dia de alguma forma ficou, mas apenas como mais um marco de nada mudar, e de sabermos tanta coisa, ainda antes de termos a certeza de que as sabemos há muito.
Cruzei-me com esta imagem, este dia é também celebrado em Itália, como o dia da liberdade, da libertação (no caso, em 1945 do fascismo nazista), e se para nós no ouvido ficou a vila morena e os cravos vermelhos nos mancham, hoje ainda, os olhos, em Itália é o Bella, ciao (que o pessoal agora conhece aparentemente - não sei que nunca vi - por causa da La Casa de Papel) e as papoilas, como o sangue derramado pelos campos numa flor selvagem que inunda esta época (e a que a canção alude), e que deixou tanta gente, por tanto tempo ainda, nos braços daqueles que por lá morreram. Há coisas assim, abraços que não se desfazem com o vazio; guerras que não terminam com o baixar das armas, com o silêncio da paz. Tenho a dizer que entre cravos e papoilas nem tenho de pensar, mas fico a pensar que a revolução não é só num dia, nem um dia só, é o que depois se faz com ela, o que se atinge, o que nasce, o que cresce, o que morreu e como acarinhamos o que ganhámos. E acho que há muito a pensar e repensar do ponto a que chegámos e de quantas revoluções ainda precisamos, enquanto pessoas e enquanto cidadãos. Eu precisarei de muitas, mas não hoje, hoje o dia não está para revoluções (também este ano, afinal).

sábado, 24 de abril de 2021

Hum. Inverno outra vez... 
... isto de nos darem um cheirinho de alguma coisa para nos lembrar da falta que faz, e depois pimba.... puxarem-nos o tapete e servir-nos de bandeja essa falta que nem nos lembrávamos que tínhamos, tem muito que se lhe diga... este S. Pedro é fresco, é... sabe-a toda, o danadinho! hum! 
Uns vestidinhos leves, novos, e tudo e coiso, e nada de os poder estrear, como quem começa uma estação nova de vida, nada. Toma lá outra vez chuva, mas sem fazer sentido um camisolão quente e grosso ou acender a lareira, pois. Hum. 'Tá certo... Se pegasses nessas teorias psicológicas todas, e as enfiasses onde decerto não há verão, é que fazias bem, e eu, hoje pelo menos agradecia. Parece qu'é parvo!
Hum.

 

sexta-feira, 23 de abril de 2021

O corredor mede dez passos. Há dias, ao percorre-lo a caminho do quarto, de luzes apagadas só com a luz do visor deste bicho, como em todas e tantas outras noites... mas dessa vez, não sei porquê, ou de onde, um pensamento atravessou-me e tem insistido comigo: se eu acabasse naquela instante, o que pensaria eu?... e dei por mim a pensar, não sou pela ideia de viver cada dia como se fosse o último, não, mas cada dia tem de valer alguma coisa, e como que ser parte dum caminho para o que queremos... e no entanto, que ando eu a fazer dos meus dias nos últimos tempos? Nos últimos meses? No último ano? Valeria a pena se tivesse de fazer as minhas contas amanhã? Qual o saldo? O balanço? O resultado, a soma ou o que for e lhe quiserem chamar?... E não, acho que não valia. E apesar de todos os memorandos que os dias me têm deixado de que devo já ter passado o terceiro prazo de validade (o meu irmão já me informou que já passei dois), de o espelho mo devolver sem reclamar, de ter passado a última semana empenada, sem aguentar-me em pé mais de dez minutos sem que me passasse de dores, sentada todo o santo dia como se tivesse engolido um garfo que não pedi, não... apesar dessa pequena questão dos lembretes de que o tempo passa com um registo próprio e natural no corpo, não ando mal (agora até já consigo andar normalmente! upa upa!!... valhamedeus ao que isto (já) chegou...) ou triste ou revoltada ou deprimida, não, mas também nada do que poderia ser o seu contrário. E isso, isso é já de si um prejuízo enorme, não? Eu acho que sim.

E o corredor continua, e sempre foi um caminho de dez passos, mas desta vez trouxe-me isto: uma vida que não sendo exactamente o que quero, não deixa de ser o que quero, uma vida que podia ser tão boa, sem para isso ser o contrário do que é hoje, naquele dia, agora. 
 Há pensamentos estranhos na escuridão que percorre um corredor à noite, e no entanto nunca acendo a luz... eu sei o caminho.

segunda-feira, 19 de abril de 2021



 Ahahahah 

Não me posso esquecer desta, para usar sem moderação sempre que aplicável :D

domingo, 18 de abril de 2021



 Ahahah muito bom, até o olhar de comprometido dele :)))

Cá em casa só se fosse amiga :DD, o único moçoilo mora uns andares acima, ainda que, obviamente, seja visita diária, parte da casa mesmo, e adore colo mas não tenha a noção do próprio tamanho... de qualquer maneira, aqui os canídeos não entram na cama... pelo menos enquanto não me trouxerem o respectivo pequeno-almoço (meu, claro), depois poderei ponderar ;)

Bom Domingo :)

sábado, 17 de abril de 2021

 E demorou o dobro do tempo, porque o dobro da plateia com vontade participativa é um problema... até que se desiste e se expulsa a plateia, pois. Tudo lá para fora.
Agora, comer qualquer coisa ao sol, depois depois um banho lento, com música e olhos fechados. Estou a precisar daquele clima Zen que às vezes me apetece, agora até mais frequentemente. É a falta da dose normal de Alentejo que me falta, deve ser isso. Se não escurecer e entristecer o tempo, uma passeata boa mais ao fim da tarde. Um dia à medida do que me apetecia. Às vezes penso que já não conseguia viver sem este tempo para mim, dias inteiros só eu e o que a disposição me for pedindo... é uma sensação divinal, a sério. Não sendo sozinha, só com alguém com quem estivesse tão bem como estou sozinha, o que não é fácil (acontece com a minha filha e sei que pode acontecer fora das teias do sangue), e isso responde a muita coisa. Suponho que é a grande diferença entre partilha e comunhão. Entre saber o que de mim partilho contigo e o que tu partilhas comigo, e saber, ou sentir, o que somos juntos, sem deixarmos de o ser quando separados. E não, não é perder a identidade, nem a personalidade, é não as sentir ameaçadas. É um estar com alguém que é como estar só connosco. 

É querer muito, mas menos valerá a pena?

sexta-feira, 16 de abril de 2021



 Bom princípio, este :) concordo. 

(ainda que nem sempre com um bom fim, mas pelo menos terá dado para aquecer da maneira certa :) )

quinta-feira, 15 de abril de 2021


 [foto @alongruber]


- Começou tudo mal... se tentássemos não iríamos durar nada.

- Como sabes? Porque dizes isso? Do que oiço nada é mau, gostas da pessoa, das ideias que tem e defende, admira-la: a sua forma de ser, de agir, de pensar. E há ternura, além de paixão. Amizade, querer bem... se isso é um mau começo, não faço ideia como possa ser um bom!

- Não percebes, não ia dar certo, não podia durar muito. 

- Numa coisa dou-te razão, se achares que não vai dar certo, não dá mesmo. É escusado. E acho que é mesmo isso que estás a fazer, a assegurar-te que não dá, matando antes até de poder viver. É mais fácil ter medo de ser feliz, de que dê certo, porque ser feliz é também o risco enorme de deixar de o ser...  É muito mais fácil desistir e não pensar mais nisso - ou tentar, e garanto-te que vai ser difícil esqueceres depois todos os "ses"- do que desistir sabendo que podia estar ali a tua felicidade.  Por isso convences-te que afinal não ia dar nada, afinal desistir dum fracasso é fácil. E é isso que estás a fazer, a contrariar tudo de bom que vês, tens e sentes!, para te convenceres dum fracasso. Porque só assim consegues desistir sem dor. Auto-sabotagem, um clássico no seu melhor (ou pior). Acredita em mim, pelo que dizes, o começo não é mau, pode é não ser fácil, mas esse fim, apesar de fácil, é o pior. Não fujas de ser feliz, pondo as culpas na vida e nas circunstâncias. Há piores e mais difíceis distâncias que as físicas, e se fores por esse caminho vais acabar por descobri-las. Vais um dia estar ao lado de alguém, e entre vocês caberiam todos os oceanos. Não escolhas isso.

[é engraçado como há conversas que não sendo iguais, são as mesmas. Como tudo é diferente, mas como tudo se repete, de uma forma ou de outra, com uns ou outros contornos. Os contextos variam, as essências não. E a auto-sabotagem, o não acreditar em algo bom, o estar-se tão comodamente instalado no mau ou medíocre, que se prefere o conhecido à audácia de esperar mais, merecer mais, acreditar em mais, e principalmente arriscar ser feliz ou mais feliz e poder perde-lo. Afinal desistindo não se chega a perder nada, porque não se tem nada que doa muito perder. A covardia tem muitos contornos, mas a essência é a mesma, e todos se calhar lá caímos, de uma forma ou de outra. Ou o tempo assim nos convença a fazer, por nos fazer crer que já não há mais. O medo destrói mais que a dor.]

quarta-feira, 14 de abril de 2021

[foto @seeavton]

 Está uma noite óptima, oiço aqui e ali pingos a caírem atrasados da chuva, de resto só silêncio e noite e palavras por desenovelar. Nem sempre estamos para nos desenovelar, às vezes parece confortável deixar  novelo como está, não se mexe não se apertam nós sem sabermos. Também é certo que não os desfazemos, mas se estiverem quietos e sossegados no seu novelo, imóvel num qualquer canto, não damos por eles, não os vemos não os sentimos não nos lembramos que estão lá para um dia os tratarmos, se quisermos fazer alguma coisa da linha. E aqui, penso que queremos sempre, mas não a qualquer custo. E é por isso que há cantos escondidos com emaranhados escancarados. Hoje não quero tratar dos meus, mas não sei porquê estão escancarados à beira da alma que se esconde atrás deste silêncio. 

[e antes de vir para o degrau da varanda estava a ouvir isto:

...e encaixa]

terça-feira, 13 de abril de 2021

 


Primeiro café fora de casa há muito tempo, já não sei quanto. Mas tive de sair de casa e aproveitei para fazer algumas coisas que precisava, uma delas passou por, nos entretantos, pagar sententa cêntimos por um café. E sabe-me bem, mas não sei se me sabe melhor do que o que eu tomo na minha varanda, e sai mais barato. Só não vejo gente, falo com pessoas a quem vejo (apenas) os olhos, e troco sorrisos só porque sim, porque as pessoas parecem gratas por poderem servir um café, e nós por podermos pedi-lo e pagá-lo. 

domingo, 11 de abril de 2021



[imagem @iuliastration]

 Começar o dia, sem saber como começar, ou por onde... café ou ioga? Há quem ache que não tem de ser uma escolha :)) 

... não é o meu caso, aqui café vem depois. Primeiro tem é de aparecer a vontade de sair da cama... essa ainda não compareceu. Aguardamos pacientemente. Tentamos impacientar a espera pondo em filinha indiana tudo o que queremos fazer hoje. Mas verdade seja dita, não sei se está a ajudar ou desajudar, há uma vontade imensa de fechar os olhos e não querer saber de nada, esconder o dia debaixo dos cobertores, dentro do conforto quente. Mas sei que quanto mais jogar este jogo mais rápido terá de ser o dia, com tanta coisa dentro... e não apetece. 

terça-feira, 6 de abril de 2021

 


You live your life, you go in shadows
You'll come apart and you'll go black
Some kind of night into your darkness
Colors your eyes with what's not there

Fade into you
Strange you never knew
Fade into you
I think it's strange you never knew

(eu e a mania das letras das músicas...)

Não é a maneira mais enérgica de começar o dia, mas foi o que me apareceu enquanto me preparava para começar o dia de trabalho, e soube-me bem o ritmo que me apareceu no shuffle do espotifas, e que eu não conhecia... estou a ficar uma fã do espotifas... só o acho ligeiramente esquizofrénico quando passa a vida a insistir em eu voltar para o premium... nunca lá estive! Nunca! O gajo quer enganar-me para eu voltar para onde eu nunca estive... o chico esperto, pensa que a esquizofrénica sou eu... só pode. Mas enquanto vamos tendo estas conversas parvas e doidas logo pela manhã é porque tudo vai bem no reino da Dinamarca... ou seja, por aqui :)

Pouco depois foi isto, e bom, é só para quem se atrever, que o lado selvagem não é para todos, 
e ainda bem, suponho, há dias em que também não é para mim ;)

 

ahahahah... muito boa!

... apanhei isto agora e não resisti, até me fez lembrar uma conversa que começou há dias aqui, na caixa de comentários... anda por aí muita vontade dos festivais, anda anda... Até eu, que até acho que não me dou mal com o confinamento e o recato do lar, a primeira vez que olhei, pareceu-me um concerto daqueles que já me apeteciam numa noite boa de Verão, boa música, boa companhia, qualquer coisa para beber.... e acho que até acomodava o choque do excesso de multidão. Mas pronto, são só máquinas ceifeiras... enfim, cada um com os seus festivais :))

segunda-feira, 5 de abril de 2021



 [imagem @jesuso_ortiz]

... o que me apetecia hoje é a sensação que esta imagem me deu quando me apareceu à frente. Apetecia-me uma coisa simples, um tempo simples, sem ponteiros ou pressas, ou obrigações, ou stresses ou.. ou... sei lá, se calhar apetecia-me ser pequenitates outra vez, e ter colo, e sorriso de flor e leveza de azul-céu... apetecia-me achar os dias de sol doces e livres como campos de papoilas para os olhos... apeteciam-me coisas esquisitas. E margaridas. Adoro margaridas, já vos tinha dito? Hoje não ;))

domingo, 4 de abril de 2021




 Trouxe-os para aqui com um propósito, rever as páginas dobradas e escolher algumas passagens para deixar o registo histórico que tantas vezes gosto de rever... mas acho que não estou com pachorra. Do primeiro, o que me ficou essencialmente foi uma cena relatada ao inicio de que senti vontade até aos ossos... descobrir um lugar qualquer, num fim de mundo improvável, sítio pequeno a contrapor a beleza e tranquilidade do lugar, tirar três meses ao quotidiano para os acrescentar à vida, alugar uma casa com vistas e uma varanda generosa, e levar na bagagem só tempo, música, livros e um computador para escrever. Assentou-me tão bem a ideia que se me gravou na alma como uma memória futura. De resto, é de leitura cómoda e leve, exactamente o que eu estava a precisar e queria ler nesta altura. O título - Não se encontra o que se procura - arrastou-me logo ali na livraria quando lhe bati o olhar, porque é uma frase cujo sentido eu repito há muito, e sinto-o muito como o meu sentido. Este livro do Sousa Tavares, curiosamente remeteu-me para o que comecei a ler há dias - A Louca da Casa, da Rosa Montero - ele refere o livro e a autora, assim como inúmeros livros e autores. Como que em conversa com o leitor, vai partilhando ideias e livros, faz também uma leitura à direita de alguma história do nosso país. E é um tipo de diálogo que gosto, não impõe, mas apresenta, comenta, talvez por isso tenha gostado do livro, como uma espécie de tira-gosto, algo para limpar o paladar entre livros de outra estirpe. Não sabia que tipo de livro seria, comprei, não pela capa, mas pelo título :) e não me arrependi. Seguiu-se o do Machado Vaz. Gosto de o ouvir e gostei razoavelmente do seu romance "Muros", que li há anos. Também não sabia o que esperar deste livro - à Escuta dos Amantes -, soava-me à partilha da vasta experiência que tem em ouvir pessoas e as suas histórias no seu consultório: as relações, o amor, a desilusão, a vida afinal. E ainda que num formato completamente desformatado cativa, porque é isso tudo, é mais que isso, mas não chega a ser isso... ou seja, é uma amálgama de tudo. Aqui não o descreveria como diálogo, mas como monólogo sobre várias facetas da vida partilhado com o leitor, e sei de muita gente que fazia bem em lê-lo e pensá-lo em várias vertentes, também me fez pensar nalgumas coisas e tem várias páginas marcadas. Gosto de algumas coisas neste homem, uma delas é chamar amantes a quem ama, quem pratica o amor, quem o sente, quem o dá, quem o sabe receber. Não, amantes aqui não são relações paralelas, ainda que possam ser, porque pode tomar muitos formatos, desde que a essência seja essa, até podem ser casados (vejam lá o escândalo ;) ), assim como classifica a Amizade como uma forma de amor, uma das suas facetas. Os amantes têm de ser amigos, mas os amigos não precisam ser amantes, são coisas diferentes mas que se tocam em muitos pontos.

[agora não me apetece escolher e transcrever aqui um ou dois trechos, daqui a bocado pode ser que a vontade assente, gosto de fazer esse exercício de deixar aqui partes que gostei, ou que me fizeram pensar, dos livros que vou lendo... há que vencer a maldita preguiça bahhhh]


 [foto @hash.photografy]

Bem sei que não se parecerá muito com o habitual coelhinh@ da Páscoa, também é certo que não se avistam ovos, mas também, ao que sei, é suposto estarem escondidos, e a bem da verdade, o raio do coelho nunca combinou com os ovos, convenhamos... 
 E, apesar da falta de semelhança, atrevo-me a arriscar que poucas casas devolveriam este coelhinho da páscoa, aparecesse a criatura por lá... mas pronto, eu não percebo nada disto, já sabemos.

Boa Páscoa, pois :)

 

É este mocinho que me tem feito companhia todas as noites nos últimos tempos até adormecer. É um bocado parvo muitas vezes, é atrevido q.b. (um bocadinho mais não se perdia, mas o equilíbrio nestas coisas é ténue, e arriscado..) como manda o figurino, e bom... tem um figurino, que deixa qualquer uma bem disposta das vistinhas, e quando se ri ninguém resiste ( mas ri-se mais nas temporadas finais)... e por ninguém quero dizer eu, ou quem como eu, claro... Harvey Specter é o nome da personagem que representa na série Suits, que alguém há uns tempos me disse para ver, que ia gostar, e acertou (também disse que havia coisas em que eu lhe fazia lembrar uma mocinha da série, mas caramba aí não pode ter acertado, devia estar a treler, só pode). Gosto das piadas inteligentes entre eles, do sarcasmo, da cena de andarem sempre a trocar citações de cenas de filme (muitas não sabia, algumas procurei), gosto de algumas das jogadas que usam para ganhar processos, embora goste menos do exagero de manipulação e  estratégias manhosas em que às vezes caem (eu e a manipulação não nos damos muito bem) e que cansam um tico, mas, em resumo, diverte-me e em cada episódio devo dar duas ou três gargalhadas bem dadas (sim, as bem dadas são diferentes, não se enganem) às custas deste menino e companhia... pelo que tem valido a pena. Já estou a meio da última temporada, e assim de repente é como se tivesses saudades. E ainda não acabou. Saber que vai acabar, que o fim está próximo, certo e seguro, também dá saudades... há coisas estranhas, não há?... se calhar não.

sábado, 3 de abril de 2021


 Uma tarde para as meninas esticarem as pernas... a mãe sempre de focinho no chão, a filha sempre com as orelhas no ar...  as duas doidas. Não consigo levar as duas ao mesmo tempo, foi uma de cada vez, o que deu trabalho a dobrar às minhas pernas... mas o tempo estava a convidar e estávamos as três a precisar de sair de casa. Não fomos muito longe, mas fomos onde quisemos, quer dizer eu, porque elas de certeza tinham ido mais longe e mais tempo :) agora ler um tico, enquanto se aproveita o sol que resta, que segunda feira está quase aí... 

 

... se ele existe, é um gajo de vodka, sem dúvida... 
... por vocação ou - coitado, não deve ser fácil nem lhe gabo a sorte - necessidade profissional...
mas ao menos que não a bebesse sozinho, 
dividíamos a meias... 
...a garrafa e o faz-de-conta, já agora.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

 

[foto @lagiachin]

A esta hora a preguiça está no auge, e só penso que segunda está tão perto, e que não me apetece. Também os dias de trabalho deviam manter a devida distância... como, aparentemente, a "normalidade" continua a manter. Mas o normal é só uma perspectiva, um hábito, um dar por certo ou garantido, é um ritmo que se institui, uma forma de viver que se aceitou como boa, é uma regra por suposta maioria, talvez... nunca gostei da palavra normal, como sempre embirrei com a  palavra especial (esta quando aplicada a pessoas), pela mesma razão, e que me foi sempre tão próxima. O especial é raro, o normal é estatística, é uma espécie de maioria registada. O ser especial não é sempre bom, é só diferente, com tudo o que isso traz; o ser normal é não se distinguir e isso não é sempre mau, muitas vezes não é. Tantas vezes ao crescer quis apenas ser normal, sentir-me igual, muitas vezes me irritei quando achavam que chamar-me "especial" era elogio (até porque soava a prémio de consolação antes de um qualquer mas... e isso não mudou). E estas questões sempre foram em mim um jogo de espelhos, onde me vejo e vejo outros, onde penso por mim e por outros.
O normal tem sempre companhia, o raro caminha sempre mais só. Mas tudo, tudo é sempre uma questão de contexto, de enquadramento, de perspectiva. Peguem no mundo e virem-no ao contrário - é o mesmo mundo, mas nada é igual (como os dias que vivemos, impensáveis há dois anos). Peguem numa foto normalíssima,  e ponham-na de pernas para o ar, e já olhamos duas vezes, já nos prende mais. e é só uma diferença de angulo, neste caso de rotação. Não é nada de especial.



 E, então, quando assim é, o que distingue as atitudes é a esperança e a coragem. E parece-me que não há uma sem a outra. Para ter esperança há que ter coragem de pelo menos arriscar sem ter porquê... ou quando o porquê é só não estarmos bem,  por querer-se mais ou diferente, esperando melhor. Coragem só tem quem tem esperança de ser possível, de por poucas que sejam as hipóteses, a mera possibilidade nos agigantar. A possibilidade e a vontade de a concretizar. No fundo, em quase tudo, o que distingue as pessoas é o que fazem, sem terem de o fazer, e por que o fazem. 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

 Às vezes o pior que nos fazemos é boicotarmo-nos sem dar conta, é termos um medo curioso e paradoxal do sucesso,  da felicidade... como se duvidássemos se o merecemos ou não, e de tão habituados à sua falta, a ideia torna-se quase uma mudança que não saberíamos gerir, incómoda. Uma ideia que assusta mais que encanta, e de que fugimos pelas sombras do inconsciente, dizendo correr atrás.  

Acho que é um bom mote [ a frase do Bukowski, isto é] para um novo mês. E até acho que não é mentira :) cuidado com as que vos contam... e ainda mais com as que contamos a nós mesmos, e essas não têm dia marcado... 

bom dia!

 


[ e a acabar a noite, de temperatura tão boa que não apetece sair dela, apareceu-me isto no shuffle... gosto. há casos de bons acasos ]

 Verdade.

Para ler de novo, e outra vez, e não (me) esquecer.