As noites são tão calmas agora, sento-me aqui, enrolada na manta sem frio e sem céu, depois duma tarde acelerada e corrida. Nem tudo correu bem e há uma angústia ansiosa que se instala e teima em não me largar. Olho para a televisão mas é quase ruído de fundo e desisto. Venho fumar um cigarro e dissecar a angústia, o dia, a responsabilidade. Mas não sei tratar isto, nunca soube, talvez por isso procure tanto uma tranquilidade que me é tão cara, que me refunda no mundo. Às vezes parece tudo tão complicado, e normalmente importa tão pouco. Tenho consciência disso. E respiro fundo mas no fundo está tudo igual, ainda não domestiquei a insegurança, a ansiedade, a angústia por coisas pequenas. Ao menos isso a idade, os anos, deviam devolver-nos... uma espécie de que se lixe, fiz o melhor que pude, e uma certa inconsciência apaziguadora que anule os graus assassinos de exigência a que nos submetemos, ou melhor, que nos impomos.
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