domingo, 3 de janeiro de 2021

 


Vir para a varanda com este frio embrulhado num nevoeiro que desenha a contraluz os braços despidos das árvores, de corpo ainda quente da lareira, é estranho. Talvez estivesse a precisar do choque, dum choque, de acordar de algum sonho mau, de tão bom. Ou só de fugir de alguma coisa que o frio possa expulsar, a neblina ofuscar. Qualquer coisa, não sei. O silêncio duma respiração que se vê é mais vazio, talvez fosse isso que eu procurasse, ou o frio para adormecer os sentidos da pele, ou a cegueira desta luz esbatida, vertida no ar e quase palpável, como borrões de cor, parceira da nitidez que nunca tivemos no olhar. o silêncio corta-se com o acender do cigarro, enquanto os dedos se sentem ao centímetro... e eu que agora só queria não sentir.

2 comentários:

  1. Olá Vi, nunca adormeças os sentidos da pele;)

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    1. Olá Legionário:)
      Acho que o que eu queria adormecer, congelar, silenciar, era a alma, anda cansada, precisa de descanso! O resto também, mas queixa-se menos :)

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