Sentada no carro à espera da hora certa ou errada de sair daqui, de ir buscar o trambolho pequenino (cada vez menos pequenino), a ver a chuva cair e escorrer pelo vidro oblíquo que me enche o olhar e inclina o pensamento a divagar entre disparates. Acciono o limpa pára-brisas, só para ver o trilhar do caminho das escovas, a momentânea secura dum vidro condenado a servir de chão à chuva que cai do céu. Vejo-as fazer sempre o mesmo percurso, nada muda, trespassam-me o olhar e, ao parar, deixam-me discernir e captar, por segundos, as gotas a caírem antes de, outra vez, todo o vidro ser só uma pequena corrente de água a escorrer, como se há um minuto atrás não tivesse sido desfeita. Preciso que me chova assim, é o que penso. Simples.
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