segunda-feira, 15 de abril de 2019

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Fim de semana de filmes, de passear por casa, de habitar o sofá, de chá e bicharada. E mesmo na despedida do fim‑de‑semana, este filme. Até uma certa parte havia um certo reconhecimento duma antiga perplexidade por perceber certa cobardia, uma incompreensão de certas perspectivas, da mentira até. Depois, a uma qualquer altura, instantes talvez, chegar a reduzir a intrincada (i)lógica de alguns homens (que se tropeçam em justificações injustificáveis e se estatelam em verdades que lhes doerão mais), a uma clareza tal que se resume a uma simplicidade que não se coabita, a simplicidade da solidão (e há-a sob tantas formas...) por medo de ser abandonado, que acaba por ser estupidez apenas, simplificando. Mais à frente, por outro lado - ou do outro lado -, aquilo que muitas vezes não parece óbvio, o medo de afinal nunca se ter sido amada, mas apenas à beleza e à juventude que diziam gostar de ver ( ou de certa forma possuir, como um qualquer antídoto do envelhecimento dele), o medo do desejo perdido com a perfeição do corpo. O medo de nunca ter deixado de ser invisível, da beleza que dizem ver impermeabilizar o ser, de nunca ter sido vista além, de não lhe ter chegado a ser alguém. De parecer tão facilmente poder ser substituída por outra beleza que surgisse, pois nada lhe era mais além de beleza e juventude - exactamente o que, afinal, apavorava o outro de medo. E fica-se a pensar nos medos cruzados de cada um, e no tanto que isso altera decisões e vidas, no tanto que nos marcam as saudades do que não se fez, por medo de depois, se calhar, ter de viver com perdê-lo - ter de sobrevivê-lo. Como se assim a certeza de o perder não fosse mais segura, palpável até, e o idílio de o viver algo eterno nunca vivido, mas a única realidade.
E quando uma pessoa trinta anos mais velha, subitamente, tem provavelmente mais vida pela frente, toda a perspectiva muda, e de repente o tempo que não se queria perder para a frente, ficou perdido para trás, irrecuperável. E assim, curiosamente, não é (aparentemente) tão assustador arriscar o tempo que resta, que sendo menos o torna aceitável... Só se fica, só se tenta, quando já não há nada a perder?
E acabo o filme a pensar como é estranho tudo isto, porque é que se aceita aproveitar, viver, quando se sabe que vai acabar, ou que já nada, ou quase, resta; e não se arrisca quando não há esse perigo no horizonte? 
O tempo... sempre o tempo (lembro-me agora e aqui do post que escrevi ontem, esta coisa do tempo toma-me muito tempo de pensamento...), a nossa perspectiva da vida é a nossa perspectiva do tempo, do tempo que temos, do tempo que já perdemos, do tempo que não poderemos aproveitar, e daquele que pensamos que nos resta... isto e todas as desculpas que usamos com o seu apelido, quando são apenas filhas bastardas da estupidez. Mas uma coisa parece-me verdade, há um tempo certo para agarrar a oportunidade, para ficar, para tentar.. Depois disso já não há tempo, mesmo que tempo não falte, falta o resto tudo que o tempo foi levando da altura certa.
[é por isso, ou melhor, por isto, que digo sempre não concordar com o que se costuma ouvir “mais vale tarde que nunca”. Não, quando, para algo, é tarde, já passou, já não vale a pena, que se refastele no nunca... o que às vezes é difícil é reconhecer quando se tornou tarde. ]

2 comentários:

  1. Pois é Vi, o que passa depressa é o tempo que passou.
    Bom dia😉

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    1. Podes crer... olha a semana que acabou passou que foi um repente.... bahhhhh
      Bom dia! ;)

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