sábado, 10 de agosto de 2019

Gosto de sítios onde posso deixar as portas abertas, para onde o olhar pode  fugir. Em que a luz entra, os sons passeiam-se pelos cantos do silêncio, onde estamos dentro sem deixar de estar fora,  em que há uma sensação de parte de nós estar na brisa que passa. E que nada mais passa que não seja dali. Tudo pertence, nós pertencemos. Não há gente, não há vozes que nos sejam estranhas. Há uma vida só nossa, ou parece, onde o tempo nos brinca nos dedos, ora os paralisa ora desenham coisas indizíveis no ar, ou na pele, ou só em sonhos. 
As portas só se fecham à noite por causa das melgas assassinas, ou quando não há alma em casa. 

2 comentários:

  1. "Gosto de sítios onde posso deixar as portas abertas, para onde o olhar pode fugir".

    Eu também gosto Vi, embora hoje em dia sejam sítios raros...:)

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    1. Talvez sejam raros... mas quase tudo por vale realmente a pena viver é raro...
      E aqui entre nós mesmo em casa, na cidade, nos dias de sol deixo sempre a porta da cozinha aberta enquanto estou em casa... há quem me chame doida - e talvez tenham razão -, mas gosto, e nessas alturas tenho muitas vezes dois cães em casa... que não mordem ninguém, mas se virem alguém desatam aos berros como se mordessem e dão(-me) o sinal, antes de desatarem a fugir, isto é (se chegar a tanto...que nunca aconteceu)
      ;))

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