... impressionante como chamamos casa a um sítio onde dormimos durante meia dúzia de noites. Dizemos "vamos para casa"... e há uma certa estranheza neste hábito. Não é "casa", casa é mais do que um tecto onde guardamos as nossas coisas e dormimos durante uns dias. Ou devia ser, mas parece que não distinguimos. É tudo a mesma coisa. E quando regressamos deste sítio a que chamamos "casa" também dizemos que "vamos para casa". Então, tudo é casa...? há não só estranheza, mas promiscuidade neste pensamento. E não é verdade, nem tudo é casa. Casa é onde estamos, onde vamos descansar, onde procuramos refúgio, protecção, e para onde queremos voltar - é o nosso regresso, isso é verdade. Mas é mais do que isso, é onde somos nós, onde nos sentimos parte, onde as coisas nos espelham, onde o ambiente tem tudo a ver connosco, onde tudo é familiar, até o cheiro, único, nosso... A questão é se levamos isso connosco para onde vamos, e fazemos casa de cada sítio onde ficamos, mesmo que só enquanto lá estamos? Então o que é ser "casa" realmente? É de onde não temos vontade de sair (a não ser para, temporariamente, chamar casa a outro tecto) ou o sítio para onde temos sempre a certeza de poder voltar?
Depois há quem diga que há pessoas que são "casa"... lembro-me, sem saber porquê. Os pensamentos são como as cerejas, e piores que as conversas. Há coisas que pensamos e conseguimos não dizer, só não conseguimos é impedir de nos lembrar, ainda que percebamos que lembramos, com o tempo, de formas diferentes. Suponho que isso é aprender, ganhar perspectiva, amadurecer - crescer. Só não sei se as lembranças através dos pensamentos, se nós. Ou se há, sequer, diferença.
Só me sinto em casa na minha, nas outras aonde possa passar uns dias é tudo muito temporário.
ResponderEliminarAproveita bem esses dias, Vi:)
:) sim, mas quando estás de férias, noutra casa, quando comentas com alguém que vais para o hotel ou para o teu alojamento, não dizes " vou para casa"?
Eliminarobrigada, agora estou a aproveitar doutra maneira ;)