quarta-feira, 18 de novembro de 2020

[foto @in_somnia_]

 Dizem que o imitar, o copiar, é o maior dos elogios. Eu concordo. Nos últimos anos apercebi-me algumas vezes de coisas desse género, desde expressões roubadas daqui e doutros sítios, até formas de apreciar a vida em câmara lenta, a alguns gostos e coisas que alguém me confirmou dizendo que realmente tinham ido beber muita coisa a mim, comprovadamente. E deve tê-lo dito feliz, ainda que fosse uma cópia, não tendo o original era melhor do que aquilo que tinha... ainda que no dia que faltasse a fonte onde ir beber, ou copiar, bom, voltava tudo ao mesmo, mas, claro, nos entretantos a cópia nunca chega ao original... E hoje, chego ao escritório, ao meu antigo escritório, aquele que ninguém ao início queria, que era filho dum Deus menor, e que me deram a mim, sem que disso me tenham ouvido reclamar. Tinha desvantagens, mas também tinha algumas vantagens, que eu via mas eram percebidas por outras pessoas como não o sendo, e agora, mal me mudei para outras guerras, depressa alguém se mudou para ali... que afinal ali era melhor. Agora, o dia em que trabalho aqui arranjo-me em qualquer lado, não há crise e também tem vantagens... Acontece, que com isto tudo, ponho-me a pensar, que também esta criatura parece querer-me seguir as pisadas, pisar onde eu pisei, replicar o meu caminho. As pessoas esquecem-se que ao fazer o caminho temos de decidir por onde ir, que passos maiores e que passos mais pequenos dar, que direcção tomar e como, e que as coisas têm, ou ficam, com a nossa forma de ser. Quem imita, quem copia, quem quer absorver o lugar por osmose e replicação, esquece-se disso. A relação de proximidade que criei com esta gente, o que consegui fazer com eles e deles, não tem que ver com o sítio onde estava a trabalhar, e que até era visto como desvantagem por quem não o quis na altura, tem sim com a empatia criada, com a forma de trabalhar, e às vezes brincar. É a forma como somos, não como copiamos...  ou quem copiamos. Pode ser um elogio, mas às vezes irrita um bocadinho... e o que faz certamente é passarmos a olhar as pessoas com alguma pena, o que é uma pena. Porque francamente não precisam disso... bom, algumas.

2 comentários:

  1. "As pessoas esquecem-se que ao fazer o caminho temos de decidir por onde ir"

    Pois é Vi, e muita gente fica a meio do caminho sem se decidir...
    Bom fim de semana:)

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