Mais um dia que acabo nas paletes da varanda, com esta noite maravilhosa. E aqui deitada, com o barulho de fundo de vozes e conversas longínquas, deixo-me pensar. Dei por mim aqui a pensar como tudo pode mudar sem mudar o essencial. Como tudo se vai modificando e ajustando, mas nós somos os mesmos, adaptamo-nos, não mudamos. E então as coisas tornam-se diferentes, ainda que não tenham mudado. Penso, do que vejo, o que estará diferente, sem que nada tenha mudado, ou se terá mudado tudo, ou talvez nada, e a essência sempre foi o que não vi. Penso como tive de mudar tudo porque houve quem não mudasse nada. Penso como tudo que durante muito tempo não muda, um dia aparece-nos completamente mudado - ou estragado, por paradoxal que seja, é preciso mudar para que as coisas se mantenham, e até para nos mantermos fieis ao que somos - quando se abrem os olhos. E como às vezes mudar tudo, é só fazer diferente, mas ser igual - na essência tudo fica na mesma, só não se vê. Ou vê-se o contrário. Os olhos enganam tanto e as palavras não são nada, confiar em quê então? Só no que não queremos, isso é certo e só tem uma via.
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