terça-feira, 17 de abril de 2018

[foto @kat_in_nyc]

Hoje, enquanto deixava os pensamentos da minha cabeça maluca galopar-me, percebi que eu raramente tomo decisões, são as decisões que me tomam a mim. É o atingir de um ponto qualquer que, de dentro para fora, me faz sentir que já passei o ponto de não retorno, de dúvida, de incerteza. Quando as coisas se tornam claramente límpidas na minha cabeça e a decisão surge apenas como reconhecimento, nada mais. É a conclusão dum processo que eu não controlo - não é quando eu quero decidir, é quando a decisão me toma. A decisão vai germinando em nós muito antes de a formularmos ou verbalizarmos, ou reconhecermos, como conclusão. E há decisões que demoram tanto tempo a chegar ao seu destino e a desembarcar, inteiras e senhoras de si, como se daí em diante o tempo e a vida estivessem nas suas mãos. E sim, em cada decisão, há uma parcela que está. 
De alguma forma sempre tive a noção que há decisões que não se forçam, se forem forçadas não têm fundações para se susterem e manterem, para vingarem num mundo de incertezas, que ora sopram como brisas ora arrastam como vendavais. Talvez por isso haja tantas decisões que não tomei e tantas que me recusei a forçar ou pressionar. Mas só hoje me surgiu a frase - não somos nós que tomamos as decisões, são elas que nos tomam. 
E para quando tomar-me? Demorará muito? Para quando a certeza de não me restarem dúvidas, ou simplesmente a vontade de respostas? Para quando as incertezas não fazerem sequer baloiçar um suspiro duma folha que cai? Que caiu.

7 comentários:

  1. As decisões forçadas sempre me correram mal. Muitas foram tomadas por comodismo e paguei todas as consequências. Quanto à certeza de não te restarem dúvidas... se isso acontecer avisa por favor. Não consigo acreditar que se possa alguma vez ter a certeza de alguma coisa.
    Gostei muito do teu texto. :)
    Boa tarde Olvido

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    1. Sabes, às vezes não restarem dúvidas, não quer dizer que tenhas a resposta definitivamente certa, apenas já não te afecta a resposta, deixas de perguntar, deixas de duvidar. A certeza é de que já não queres saber, a pergunta deixa de te afectar, o ciclo fecha-se e torna as incertezas inócuas, continuam lá mas já não as sentes. Chegas a uma conclusão, um estado de espírito, onde não admites alternativas, não por não existirem mas porque já não são, para ti, alternativas. Acho que é isto.
      Boa noite, JI :)

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  2. Este texto é para ser levado literalmente, ou não?:-) Bonita foto, by the way.
    as decisões tomam-nos a nós? essa confesso que não entendi.
    As decisões são talvez o conceito abstrato mais subjetivo que existe. Não há duas iguais. Cada uma tem o seu cunho pessoal.
    Lá estou eu com observações e perguntas filosóficas. :-)
    Já agora. O email que está no teu perfil do blogger, é para levar a sério, ou não o usas?

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    1. ... literal havia de ser difícil, não sei de decisões que agarrem e tomem alguém :D
      Bom é muito simples, tu vais absorvendo a decisão num processo de maturação muitas vezes sem te aperceberes, sem o forçares, sem um prazo, a conclusão surge e a partir daí toma-te, estás resolvido. Quando não é assim muitas vezes as decisões são temporárias e repensadas e refeitas e... não são decisões, são uma espécie de testes. Quando dás tempo para a decisão te tomar acho que se atinge um ponto de não retorno, as coisas tornam-se claras e sabemos exactamente o que devemos fazer. Era isto.
      Ahhh o email é, mas raramente vou a este mail... vou dar uma olhadela.

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    2. Uhmm, acho que volto a discordar. A decisão nunca é um processo de maturação, pelo menos no efeito imediato. Na tomada da mesma talvez, mas nos efeitos nunca.:-) Mas entendo o que queres dizer. Pelo menos as decisões mais importantes da nossa vida, as que contam, convém que não sejam fruto da impulsividade. Porque se não os efeitos podem ser desastrosos:-)
      Já tens resposta no mail:-)

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    3. A decisão - é o que eu tento dizer no texto - não é o momento em que a proferes... porque quando é assim não é na verdade decisão nenhuma. É, sim, quando de alguma forma tomas consciência da decisão, como se ela te tomasse, porque te conquistou, porque maturou e chegou a uma conclusão - a tua conclusão.
      Mas enfim, realmente explicar os próprios textos é coisa que não faz muito sentido, cada um os lê como entende, concordando ou discordando, porque não são para convencer ninguém de nada.
      Vou lá pouco, como já disse :)

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    4. Fazes muito bem.
      Tentar expliocar coisas a desorientados do sentido da vida como eu, é perda de tempo:-)

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