segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

 

O dia desponta cedo no cinzento que derramaram no céu, tão cedo que ainda está frio  para o nariz fora do gorro e as mãos fora dos lençóis quentes,  o carro avisa da possibilidade de gelo, eu aviso-o que é tarde para me avisar de gelo no meu caminho… e com estas conversas continuamos rumo ao que nos espera. Cedo, demasiado cedo. Para a minha preguiça e saudades de caminha quente, pelo menos…

sábado, 29 de janeiro de 2022


 [@zackmagiezi]

...um dia.
Isto sim, era um dia.
Um amor.
Uma vida.

Um sábado de manhã 
de segunda a domingo à noite.
Com umas virgulas pelo meio.
Sem muito, com tudo.

Bom Sábado:)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

[imagem @annaedholm ]

"E para que serve o amor, diz-me já?
Serve para vencer o medo. 
O amor é sempre o mesmo, a vida é que é sempre diferente."

Pedro Paixão, in Muito, Meu Amor


Será, será sempre diferente? e o Amor o mesmo? é por isso que se gasta e a vida parece sobrar?
que já não sabe ao mesmo? que ao fim de algum tempo já não se acredita?
e depois deixamos de saber para que serve?
quando já nem medo temos?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022


 É isto. É só isto.

Uma grande diferença pelos mesmos vinte minutos. A diferença está na vontade, no querer estar, querer ver, no valer sempre a pena, porque se gosta de estar, ver, tocar, falar, tudo ou o que for… e então há vontade, imensa, real. Se não houver não vale a pena, nem vinte minutos nem vinte horas, nem vinte anos. Nada. Há momentos que valem anos.

domingo, 23 de janeiro de 2022


O ioga que não apetecia mas depois me soube bem. Depois o brunch com tudo que tínhamos direito e nos apetecia, com música antes e durante, com cães à volta, a chatearem de não pararem quietos a querer o seu quinhão do que se preparava. Depois o café, com sol e vagareza, sozinha sem estar só. Agora banho e depois talvez sofá, se calhar um tico de trabalho. Não me apetece o amanhã. Ando assim, sem vontade que as semanas comecem, mas quando começam, perco-lhes o fio, tal a velocidade que se embrulha no tempo. Quase não dá para pensar senão no trabalho e no cá e lá atrapalhado em que corremos. Só se pára ao fim do dia, uns parcos trinta ou quarenta minutos para fumar um cigarro antes de rumar a casa, e depois na sexta, aí começamos a ver o tempo, a senti-lo, e a não o querer largar da mão para entrar noutra espiral, que sendo a nossa vida mais parece que no-la rouba… mas por enquanto o sol, e os olhos fechados.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

 


Sim?
é um bom mote para o fim-de-semana...

 

Ehehehe

Aceitam-se candidatos

(seleção por entrevista. Se souberem ler, e o que ler, podem ganhar pontos logo na casa de partida. também válido para o saber apreciar o que beber…)

[bem sei que aqui agora só se leem disparates mas estou com muita vontade de disparates e parvoíces… com vontade de arranjar razões para me rir ou fazer rir. Isto passa, não há problema]

domingo, 16 de janeiro de 2022

 
Eheheh…. 

…O que me faz lembrar que tenho de saltar da cama e dedicar-me ao ioga… não que me apeteça, mas faz-me bem, e eu tenho mais de 1,65mts :))) 

[… mas convenhamos, o verdadeiro templo não será uma questão de tamanho, mas de outras dimensões, daquela dimensão que leva até si os peregrinos com vontade e fé… digo eu. E muito haveria a dizer sobre essa vontade e fé :))) ]

Bom domingo ;)

 Sento-me no degrau frio da varanda a fumar o último cigarro do dia, à minha frente a lua vaidosa e luminosa faz-me companhia. Mesmo que não levantasse o nariz para a ver no céu em todo a sua beleza estonteante, ou se estivesse escondida num canto do céu a que os meus olhos não chegassem daqui, via-a em tudo ao redor, através do seu luar pousado em todas as coisas. Há certas coisas que não precisamos olhar directamente para ver. Ou conhecer para saber. Onde há luar, há lua. Onde há sombras, há luz. Às vezes as entrelinhas sabem melhor. Afinal o luar não será apenas o sol a dobrar uma esquina que diríamos impossível? 

sábado, 15 de janeiro de 2022


Ahahahahaha….

O que eu me ri…

Se me respondessem isto, com aquele ar meio malandro meio no gozo, numa cumplicidade que abraça estas brincadeiras, acho que achava tanta piada  que ele já não ia pescar… e íamos era directos para a mesa… sem maquilhagem :D

(se bem que não me estou a ver com alguém que pesque, mas…)

Pedir alguém com um sentido de humor cúmplice não é pedir demais, pois não? É que as vezes parece, tal é a raridade da coisa…

Mas pronto, meninos, olhem boa pesca!! :))

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

 


Às vezes lembro-me do que sou relembrando o que fui, o que escrevi, como senti. Faço por vezes esse exercício difícil de me olhar pelo retrovisor, leio coisas antigas que vivi e de mim escorri em linhas onde desejei descoser-me, libertar-me, salvar-me do silêncio que tantas vezes transborda. Transbordou. Surpreendo-me quando gosto de me ler, quase me duvido na certeza que senti tudo pelas costuras, sempre em dor, tantas vezes em esforço de vida. Uma sobrevivência sempre no limite das forças, onde o que mais doía era a felicidade incontida que alguns instantes continham e que a eternidade ainda guarda para me lembrar. Não sei de quê, não sei de quem. Talvez de mim. Mas para quê? Uma linha de luz descosida na escuridão enredada dos dias. Há uma certa luz que se apagou de mim. Nem sempre quebrar a escuridão ilumina.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022


 Prenda de Natal (ou de aniversário, fazer anos em Dezembro dá nestas dúvidas…) tardia… e antes que se faça tarde vou já começar a comê-los, que amanhã já cá tenho mais uma gulosa para me dar cabo da prenda. E vou começar pelos meus preferidos, que não sabemos onde estaremos amanhã, ou eles quando chegar a pirralha de muito tamanho. 

Vai um chocolatinho? Mas só virtual, que os chocolates são poucos para dividir a minha gulodice … :)

domingo, 9 de janeiro de 2022


 - Por que é que o fazes?

Foi a pergunta que há dias me surgiu, enquanto  encerrava o dia e deixava os monólogos invadirem o tempo de um cigarro - como agora com a chuva pequenina a molhar os vidros, e o cigarro a queimar-se em fumo. Tal como a pergunta, também a resposta não tardou. Já a sei há muito, e não mudou. A razão não mudou, nada mudou nas coisas que não entendia. Talvez só agora a veja, nítida e plena, como uma resposta real duma conversa verdadeira que nunca existiu. Para me perguntar. Para pensar na pergunta, na resposta, no como, no para quê, na razão... para pensar, só. E enquanto se pensa, o tempo entretém os monólogos, suspende momentos, invade as noites, entorpece-se e paira. Tropeça-se. E não terá outro propósito, mas tem um fim: a resposta.

Tem esse fim, mas não termina nada senão o raciocínio.

sábado, 8 de janeiro de 2022

 Está um frio de rachar (diz aqui oito graus, mas parecem ainda menos) e eu abro mais a janela. Talvez precise sentir os ossos. Talvez precise sentir. Talvez precise desse sentido do desconforto para acordar não sei de quê, e não sei o quê. Talvez sinta calor por dentro e queira compensar com o frio do mundo do lado de fora do carro. Talvez queira ouvir melhor o silêncio e os seus ruídos apaziguadores. Talvez não me queira ouvir e o frio me obrigue a acordar o corpo do lado de fora, para ouvir o mundo, para se concentrar nele, para o sentir como um arrepio. Para abandonar o meu mundo. Talvez seja só porque quero fumar mais um cigarro antes de recolher a casa sem ter feito nada do que não me apetecia fazer, mas devia. Talvez.




 ... é mais ou menos isto.

A vontade oscila entre sair do sofá ir apanhar ar frio, ver gente, uma paisagem diferente da que me entra pelas janelas (e às vezes surpreende… ontem apanhei a lua no céu,  linda de morrer, corada ou em fogo, mas tão pouco tímida, num sorriso de derreter escuridões… assim aqui, da vista do meu sofá…) , ou ficar aqui, sentada no sofá, enrolada numa manta com a cadela aos pés e o chá ao lado enquanto passeio pela net a ler coisas, ou a ver um filme, ou, agora mais raro e não sei porquê, a ler um livro. 

Faz-me lembrar aquela coisa de ter um anjo e um diabinho em cada um dos ombros, cada um a dizer sua coisa... mas ser surda de um dos lados!... adivinha-se qual é que oiço sempre, né?

[além disto tudo, deste dilema bicudo, tenho de ir ao supermercado, e estou cá com uma vontadinha que não vos digo nada...]


quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

[foto @kat_in_nyc]
 
Talvez haja uma linguagem por descobrir onde os pensamentos do coração falam, e viajam pelo espaço onde não existe tempo, não existe passagem, não existe movimento. Onde o tempo parado não imobiliza. 
Uma linguagem que só quem sente, fala. Só quem sente falta, sente. 
Uma linguagem feita de silêncios, onde a única coisa que falta é silêncio.

[fiz uma pesquisa no blog para encontrar um post, procurei pela palavra silêncio. há 179 posts neste blog com essa palavra. encontrei o post que estava à procura, contra todas as probabilidades. lembrava-me dele, lembrei-me.]

sábado, 1 de janeiro de 2022


Não te rendas, ainda estás a tempo
De alcançar e começar de novo,
Aceitar as tuas sombras,
Enterrar os teus medos,
Libertar o lastro,
Retomar o voo.

Não te rendas que a vida é isso,
Continuar a viagem
Perseguir os teus sonhos,
Destravar o tempo,
Remover os escombros,
e destapar o céu.

[...]

Não te rendas, por favor não cedas,
Mesmo que o frio queime,
Mesmo que o medo morda,
Mesmo que o sol se ponha e se cale o vento,
Ainda há fogo na tua alma,
Ainda há vida nos teus sonhos
Porque cada dia é um começo novo,
Porque esta é a hora e o melhor momento.
Porque não estás só, porque eu te amo.

Mario Benedetti, traduzido por Inês Pedrosa

É um dos autores que gosto muito, passei por este poema e achei-o perfeito para ontem, ou para hoje, porque não? Costumo sempre escrever no último dia do ano, e deixar aqui meia dúzia de pensamentos, ou desejos, ou sentires, ontem não me apeteceu. Não, não foi bem não me apetecer, foi ir adiando porque havia isto e aquilo,  e sempre o isto e aquilo me pareceram mais importantes, ou me apeteceram mais (sim, talvez) do que vir aqui escrever. E  a questão é que  fiquei a pensar nisso. Por várias razões. Uma é que reconheci a sensação que tantas vezes me relataram "ahh não deu, pensei nisso, lembrei-me,  mas adiei, e fui adiando, adiando, até que depois não fiz, não deu, desculpe"... não qualquer coisa, basicamente. E eu reconheci o estado de espirito, a desculpa, o até querer, até pensar, mas não ser prioritário. Reconheci como um sussurro do fundo da alma que não sabe se se quer fazer ouvir, ou não; mas ouvi-o e aqui o reconheço e lhe dou voz. Para quê calá-lo se o ouvi?...  A outra razão, é porque parece-me que não há mais como negar que algo mudou em mim, não sei o quê, nem como, nem para o quê, mas mudou. Continuo a gostar de escrever e a fazê-lo, mas menos, preciso-o menos. Penso nisso enquanto vejo o último por-do-sol do ano na minha varanda e olho para memórias no telemóvel. E vêm-me à boca palavras, não sei de onde, que me dizem que dantes o que escrevia eram pontes entre mim e alguém, agora o que escrevo é só uma janela de mim, ou para mim. Uma varanda onde precisa, de tempos a tempos, de dar o sol, de respirar a brisa, de sentir a poesia das coisas, de ser.  

Dantes era supersticiosa com a passagem de ano (penso que já aqui o disse, que é das poucas coisas com que o era) agora não, mais uma vez me dei conta que não pedi desejo algum, que não me lembrei disso, que não precisei, não quis, ou talvez já não acredite em desejos, ou em pedi-los, sei lá. Mas uma coisa vos digo, não sou optimista - nunca fui - e não é das características com que mais simpatize, mas algum optimista inteligente teve esta ideia sublime de dividir o tempo em fatias iguais para parecer que hoje é novo, que hoje se estreia um tempo novo, um ano novo cheio de possibilidades e oportunidades e boas intenções. De esperança. A questão é que dividir o tempo não é alterá-lo, não é fazer hoje melhor que ontem, nem amanhã uma folha em branco e agora uma folha onde não podes escrever. Não, o tempo é igual, é o mesmo e sempre diferente, conforme o que fazemos dele - o que fazemos com ele. A fatia pode ser do mesmo bolo (não vale a pena pensar que a próxima fatia é de um bolo diferente), mas nada nos impede de uma vez lhe acrescentar chantilly, na outra uma bola de gelado de amendoim (adoro!!), outra vez qualquer a fruta preferida em pedaços, noutra uma compota que nos derrete, depois talvez iogurte, finalmente queremos variar e comemos a fatia simples... é assim com tudo na vida, nós é que fazemos a diferença :) 

Também dou por mim a pensar que hoje em dia dizemos sempre que não temos tempo, que o tempo é precioso, mas que voa e não nos damos conta, nem o aproveitamos - que não há tempo. Basicamente, que não há tempo para o que queremos. Eu que o diga, porque também o sinto... mas pensando bem, na verdade, tempo é a única coisa que temos, desde que nascemos. Nascemos, e a única coisa que temos é tempo, e isso continua o resto da vida, sendo que o tempo que ainda temos é cada vez menor. E sabemo-lo cada vez melhor.
Tempo é a única coisa que temos, o que somos é o que fazemos com ele e com quem escolhemos partilhá-lo. Somos as escolhas que fazemos no tempo que nos deram desde que começámos a respirar. É a única coisa que nos é dada com a vida, ou é a vida em si mesma, e ainda assim alguns têm de lutar para que possam ter um pouco mais de tempo, para esticar o seu tempo, para viver um pouco mais, esgravatar a vida para ganhar mais tempo de vida. Sim, também há isso, e é duro. Tão duro.

Lembrem-se: a única coisa que temos, é tempo. 
O que somos é o que fazemos dele, e com quem escolhemos fazê-lo.
Em Janeiro, ou em Dezembro. 
Hoje, ou amanhã, ontem é arquivo.
Não te rendas, ainda estás a tempo.