domingo, 16 de janeiro de 2022

 Sento-me no degrau frio da varanda a fumar o último cigarro do dia, à minha frente a lua vaidosa e luminosa faz-me companhia. Mesmo que não levantasse o nariz para a ver no céu em todo a sua beleza estonteante, ou se estivesse escondida num canto do céu a que os meus olhos não chegassem daqui, via-a em tudo ao redor, através do seu luar pousado em todas as coisas. Há certas coisas que não precisamos olhar directamente para ver. Ou conhecer para saber. Onde há luar, há lua. Onde há sombras, há luz. Às vezes as entrelinhas sabem melhor. Afinal o luar não será apenas o sol a dobrar uma esquina que diríamos impossível? 

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