quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

 


Às vezes lembro-me do que sou relembrando o que fui, o que escrevi, como senti. Faço por vezes esse exercício difícil de me olhar pelo retrovisor, leio coisas antigas que vivi e de mim escorri em linhas onde desejei descoser-me, libertar-me, salvar-me do silêncio que tantas vezes transborda. Transbordou. Surpreendo-me quando gosto de me ler, quase me duvido na certeza que senti tudo pelas costuras, sempre em dor, tantas vezes em esforço de vida. Uma sobrevivência sempre no limite das forças, onde o que mais doía era a felicidade incontida que alguns instantes continham e que a eternidade ainda guarda para me lembrar. Não sei de quê, não sei de quem. Talvez de mim. Mas para quê? Uma linha de luz descosida na escuridão enredada dos dias. Há uma certa luz que se apagou de mim. Nem sempre quebrar a escuridão ilumina.

2 comentários:

  1. Pois é Vi, nem sempre quebrar a escuridão ilumina, mas sempre ajuda. Um abraço:)

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    1. Será? será que ajuda, olha que às vezes não sei, parece que só divide uma em várias... parte mas não acaba.
      Beijo para ti, Legionário :)

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