segunda-feira, 29 de março de 2021

 Tu e eu, finalmente. Na varanda, na primeira noite em que o frio não encurta o tempo de olhar o luar pousado em cada coisa. Daqui não vejo a lua, mas distingo a luz prateada que inunda as sombras, vejo o clarão quase por cima de mim, em que o céu deixa antever o que os olhos não encontram, mas sabem. Há muita coisa que é assim, não? Se calhar não, e estou enganada. Quem sabe? E quem quer saber? Eu não. Não importa. Agora o que importa é que vou estar os próximos dez minutos a fumar o meu último cigarro do dia, que é também o segundo, mas guardado até agora. Guardamos o que queremos aproveitar totalmente, quando tivermos dez minutos para fazer deles os melhores que poderíamos. Aquilo que se pode guardar, pelo menos...  porque nem tudo pode ser guardado, infelizmente. Ou felizmente. E hoje precisava deste ritual de encerramento, de fecho, de qualquer coisa que me fechasse em mim sob a primeira noite deste ano onde, à noite e a estas horas, não tenho frio, mesmo sentada no degrau da varanda, como tantas vezes, a olhar o céu e a gozar o ultimo (e não fosse por outro, o único - o que também acontecerá curiosamente em muita coisa... ser quase único) cigarro do dia.

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