Há dias em que tentas. Há dias em que pensas que o tempo já lavou da alma as marcas e a memória da pele, em que pensas que já esbateu aquela sensação tão viva do comodamente íntimo, para depois descobrirés que cortante é a sensação do intimamente incómodo que sentes a rasgar os momentos. Essa sensação que a superfície disfarça, mas a alma reconhece num contorcer-se que nos muda a posição do corpo, sem mudar a situação. E quanto mais se procura disfarçar, ou contrariar, ou insistir a cada esforço de naturalidade, só nos sublinha a existência de tudo o que falta - e então parece faltar ainda mais... o que pensávamos que o tempo tinha esmaecido. E então percebe-se que as cópias, boas ou más, são sempre uma lembrança, uma veneração até, do original. Há dias em que mais valia não tentares. Se calhar todos. Curiosamente, já o sabias.
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