segunda-feira, 22 de julho de 2019

[foto @ryanmuirhead]


Quando ouvidas à distância

Da minha pele silenciada da tua,

De todas as tuas palavras

Escorre vazio

E sobra mentira.



No início ouvia em tudo o que dizias um fundo de verdade

Depois aprendi em tudo o que dizias um fundo de mentira

No fim, nada do que dizias tinha fundo,

Por muito profundamente que o repetisses.

E repetias. Tudo. De novo.



De que vale dizeres-me

Ser a tua sorte grande

se nunca cresceste para a reclamar.

De que valeu repetires-me

Ser eu a mulher da tua vida

Se sei seres homem de muitas vidas e pouca palavra?




(Deves ter alma de gato... das que morrem seis vezes caindo de pé, assistem ao próprio funeral, levantam-se e continuam a percorrer telhados ou vielas, esgueirando-se por entre as sombras das noites pardas)

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