apetecem-me palavras
para entreter a boca enquanto
não as espanta o grito que
já espreita debaixo da língua
Bénédict Houart
[apetecem-me.
apetecem-me palavras desfiadas de sentidos
mas não as procuro, não me apetece.
fogem-me como os pensamentos que não poisam,
sempre em voos longínquos que não quero atentar, decifrar,
sequer saber do seu destino.
não quero ser o silêncio que mastigam,
nem acordar o grito que não quero adormecer.
nem acordar o grito que não quero adormecer.
Não o quero saber, sentindo-o;
nem desconfiá-lo, sabendo-o.
quero que me fuja como as palavras que não me apetece procurar,
para dizer que nada mais quero deixar dito.]
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