segunda-feira, 20 de maio de 2019

Fico aqui a olhar olhar-me e penso se volto aqui, a esta sala, a esta parede riscada de luz, a tanta coisa que largo, que deixo, ainda que não deixando. Mesmo que seja para aqui que volte depois de amanhã, voltarei mesmo? Ou venho de novo? Acho que venho de novo, doutra maneira. Continuo com medo, sim, para quê negá-lo, mas sei que é o que tem de ser, tenho de enfrentar o bicho, e todos os bichos que trará com ele. Acho que são eles que me vão dizer quem sou, como sou, se sou. 
Espero que o backup acabe enquanto penso nisto tudo, em como se fosse optimista estaria a pensar em tudo novo que vai acontecer, em todas as janelas que se abrem, em vez da porta que fecho, pelo lado de fora, deixando parte de mim dentro. E dói. Mas tudo dói, não é? Eu sei, é. Dói como as lágrimas que se embrulham nos olhos sozinhos do mundo, mas que nunca queremos desatar. Quase fingimos que não dói, que não são nossas, são emprestadas à espera de devolução. Como a mim, devolveram-me mas não sei a quem.

2 comentários:

  1. Dói e vai continuar a doer, mas o caminho é em frente, com dores, com sorrisos, com tudo o que te vai aparecer pela frente. Mas, continuas Tu,umas vezes mais frágil outras vezes mais forte.
    Tu consegues!
    Beijo daqui até aí :)

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    1. Estou farta que doa, sabes? Será que algum dia deixa de doer? Ou o problema é meu, doem-me mais coisas que deviam?
      Não sei, só sei que tens razão: o caminho é em frente, não há alternativa. Umas vezes com força, outras sem ela, não há nada a fazer senão fazer um dia de cada vez, ir enganando o tempo a enganar-nos e gargalhando sempre que se pode ;)
      Bom dia, Perséfone, beijo para ti

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