sábado, 29 de outubro de 2016


Um tempo maravilhoso, o sol quente, as nuvens de transparência fina, um sábado sossegado, para mim... Sorrisos que vão aparecendo, mágoas que se querem desaparecidas. Um pequeno almoço que segue um banho lento, dos que podiam lavar a alma se a água chegasse tão fundo... A preguiça estendida em cima da cama, enrolada molhada numa toalha cada vez menos seca. A luz a entrar pela janela, de esguelha, à procura do ângulo para se estender na parede, à minha frente, cheia de circunstância e nenhuma pompa. Cá em casa não entra pompa e há circunstâncias que saem a correr.  Mas não a circunstância de tirar a toalha e enfiar um roupão leve em cima da pele, essa circunstância prolonga-se num pequeno almoço grande, que faz de almoço sem enganar ninguém. O sol quente mergulha na pele, dá umas braçadas na alma, onde nada mas não há pé. 
Olho para a mesa, no tabuleiro a circunstância do café com leite ser ainda leite e café, em camadas. Sobreposto, não envolvido, não misturado. Só de olhar não sabemos se se misturam, se se podem misturar de tal forma que depois já não se saiba dividir um do outro. Distingui-los sequer. Às vezes só de olhar não se vê. É preciso saber do que se é feito para fazer o que não pode ser desfeito. E para isso, muitas vezes, tem de se desfazer muita coisa.
E agora comer e vestir para tomar um café... Gosto destes sábados devagar, com o vagar de domingo que lhes quisermos dar.



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