sexta-feira, 21 de outubro de 2016


A luz brinca, entra por todos os recantos, ri-se em sombras. Abraça, agarra o tronco como quem puxa uma cintura, passa as mãos por ramos e galhos como quem passeia levemente por braços e pernas, passa e abana as folhas como se passasse os dedos sedosos pelos cabelos de luz. Faz tudo como se não fizesse nada. Brinca como se não fosse o sol a emaranhar-se nas árvores, brinca como se brinca à vida que não fica por viver. E às vezes fica. Tantas vezes fica.

[escrito no caminho de regresso do Alentejo, descoberto agora nas notas do telefone porque faltava a foto. E hoje apetecia-me Alentejo, estradas sem norte, curvas sem esquinas, dourados que afagam. apetecia-me esquecer-me, deixar de ser-me, ter-me como uma sombra se fecha numa mão. Em vez disso fecho-me num escritório e sonho num dia em que me abra numa seara.]

2 comentários:

  1. Ena! Que bela descrição da luz e que bela imagem... gosto muito das cores do Outono :)! Adoro ter de volta full poesia, minha querida e doce Vi:)))
    Beijo
    Nanda

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  2. :))
    será que a poesia voltou? ou foi só um relâmpago duma tempestade de cor?
    Veremos...
    beijo, querida nanda

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