sexta-feira, 10 de julho de 2020


"ela fez tudo o que poderia ter feito 

e se calhar fez tudo errado: 

amar não foi o suficiente."


Ando com estas palavras na algibeira desde que, há dias, as li escritas pela mão sublime da menina-musica-de-luz [já não é só do violino :) ]. Porque li-as e pareceu-me claro, mas ainda assim, como uma memória em que se cai sem tropeçar, voltava-me à cabeça o paradoxo: amar só não é suficiente quando se ama demais.
E eu nunca acreditei nisso: não se ama demais, ama-se com tudo o que se tem, não pode ser de outra maneira - ou não devia - e essa desmedida é a medida certa. Só se ouve que se ama demais quando há de menos da outra parte. Mas também não acredito nisto, não há de menos, ou se ama ou não se ama. E ponto final.
Amar pelos dois nunca é suficiente. É um erro, ainda que sem escolha. Primeiro para quem é amado, porque nunca chega, a outra pessoa nunca é suficiente; depois, para quem ama, porque ser amado é uma parte grande de amar e continuar a amar. Porque um amor inteiro é um amor dividido pelos dois.
É tudo um erro. É um erro amar sem retorno, como é exigir retorno, exigir o que seja do outro que ele não dê por vontade, e com vontade. É um erro. Amar tem de ser sem medida, sem troca, sem deve e haver - dos dois lados. Para não ser um engano de que não se retorna.
É sempre um erro amar demais. Amar pelos dois nunca é suficiente.
Amar só não é suficiente quando se ama pelos dois.

10 comentários:

  1. Olvido,
    os sentimentos são incomensuráveis, logo como bem dizes"não se pode amar pelos dois"
    Tarde boa

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    1. Não pode, mas muitas vezes tenta-se. Às vezes insiste-se, muitas faz-se disso uma vida inteira, e infeliz. Não é coisa que mude com a insistência. Há quem o entenda a tempo, e quem nunca o entenda.
      Boa noite, Perséfone:€

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  2. há, nessa frase aparentemente insignificante, uma profunda dor.

    obrigada, Vi., pelas tuas palavras e carinho, de coração. :)

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    1. Não é nada insignificante, e diz muito, tanto. A mim disse, e andei a mastigá-la estes dias, andei com as tuas palavras na cabeça, até quando não queria. E sim, é doloroso, mas é mais ainda não a perceber...
      Obrigada tu por todas as palavras que partilhas. Sao duma beleza tão pura, e tão sentidas que fazem sentir.
      Um beijo para ti, menina-musica-de-luz :)

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  3. Talvez Vi, no amor sejamos uns eternos insatisfeitos;)

    Bom fim de semana:)

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    1. Sabes, Legionário acho que somos eternos insatisfeitos em tudo, enquanto não vivermos o amor inteiro.
      Enquanto essa parte não estiver bem todos podemos fazer daquele refrão “i Can’t get no satisfaction”.,, nunca nada parece bem, mesmo que esteja...
      Bom fim de semana, Legionário:)

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  4. Tudo dito e redito.
    Mas sabes?!
    Amar cansa. Ser amado também. Ou então sou só eu que ando cansada de tudo. Ou não amo. Ou não sou amada.
    Tem dias que me apetecia viver no Alasca. Só eu ursos e nada mais.
    Podes hibernar com eles...

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  5. Nunca me cansei de amar, nem de me sentir amada... mas há alturas em que nos sentimos cansados de tudo e nada em particular... e tu acredito que seja uma fase, às vezes tudo parece mal, às vezes o cansaço não nos deixa nada com que viver, respiramos por hábito inconsciente...
    E olha que para te rodeares de ursos não é preciso ires para o Alaska ;)) há tantos por aí...
    beijo para ti, Mafy

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    1. Pois... Mas quanto mais convivo com pessoas mais gosto de bichos...
      Beijo Vi

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    2. Olha nisso concordo contigo. Completamente! As pessoas desiludem tanto...os bichos são tão mais genuínos e quando se dão, dão tudo o que têm...
      beijo, Mafy

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