Mesmo que não possas fazer a vida como a queres,
isto ao menos tenta
quanto puderes: não a desbarates
nos muitos contactos do mundo,
na agitação e nas conversas.
Não a desbarates arrastando‑a,
e mudando‑a e expondo‑a
ao quotidiano absurdo
das relações e das companhias
até se tornar um estranho importuno.
Konstantinos Kavafis
O quotidiano poucas vezes estranho, tantas inoportuno. E é o que faz a vida, é onde a passamos e tantas vezes, contrariados, a arrastamos pelas noites entranhadas do que nunca fizemos, ou do que nunca quisemos fazer, fazendo. Por vezes o mundo entretém, agita o copo vazio que não mata a sede, e nós deixamos o relógio andar enquanto pensamos que estamos parados, mas o tempo nunca anda sozinho, leva-nos em cada segundo para onde nos deixarmos levar. Depois estranhamos onde viemos parar sem sair do lugar. O quotidiano tão habitual, no despertar da lucidez, torna-se estranho e inoportuno, como alguém de quem preferimos distância mas com quem convivemos sempre, estranhos.
Hoje não me apetece ser "certinha", uns devaneios também nos faz bem.
ResponderEliminarVive-te Olvido, a Vida não espera por nós.
A vida não espera por ninguém, verdade. E nós esperamos demais por ela, ou dela, não sei.
EliminarTambém não me anda a apetecer ser certinha... ;))
Talvez...o grande desafio seja, em cada dia, voltar a olharmos tudo pela primeira vez, deslumbrando-nos com a surpresa dos dias. É reconhecer que este instante que passa é a porta por onde entra a alegria.
ResponderEliminarOlá, Vi:)
Mas voltar acolher tudo pela primeira vez não é esquecer tudo o que aprendemos? Às vezes apetece, é verdade, mas só valerá a pena quando o que aprendeste foi prazeroso, se tornou numa recordação doce e uma lição feliz... de resto, não. Não quero surpresas em segunda mão mas amnésicas, quero verdadeiras surpresas, isso sim. Que poderão ser boas, como essa porta que falas, ou erros completamente novos. Ao menos aprenderemos lições diferentes, né? ;)
EliminarBoa noite, Legionário
*voltar a olhar (era isto)
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