terça-feira, 1 de outubro de 2019


[foto @tarasovm]
Estava a comentar com alguém que agora nesta nova estrutura estou a dar em doida... que um dia destes para conversar comigo só no horário de visitas de um hospital psiquiátrico. e respondem-me que não, que não lhe parece. E a mensagem que manda a seguir  - "ia dizer que és muito forte, mas não estou certo disso. Há no teu olhar, lembro-me, uma fragilidade que se deixa antever que também pede colo. Apesar de tudo o resto que aparentas... Mas não gostava que desistisses" -  deixa-me suspensa num momento do tempo que se me encrava numa serie de engrenagens e pensamentos... incrível como alguém que esteve connosco meia dúzia de vezes, que não nos conhece, nos conhece melhor do que pessoas que durante anos nos olharam nos olhos, e não viram nada. Dou por mim a fixar o olhar no vazio disperso em tudo, a pensar em todos estes desencontros e falsos encontros, e coisas que deveriam saber e ter visto e nunca viram, e de quem sem dever ou se esperar, vê assim que nos olha com olhos que querem ver. Às vezes a vida é um desperdício que não conseguimos aproveitar. Eu devia aproveitar quem me vê, ou, pelo menos, tem interesse em ver o que há para conhecer. Alguém que queira dar colo em vez de dizer que posso ser eu a sofrer porque sou forte. E nunca soube. Nada. E nunca o desmenti. Talve precise de alguém que não fosse preciso desmentir para saber a verdade.

3 comentários:

  1. Vi, depois de ler este teu Post, lembrei-me desta frase:

    "Receio o que quero, e quero o que receio." Pierre Corneille

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    1. Sabes, Legionário, acho que há muita gente assim. Eu acho que por vezes tenho medo do que quero, mas não costumo desejar o que me mete medo. Essa parte parte é mais arranjar força para enfrentar, se tiver mesmo de ser... mas percebo que possa haver uma certa atracção pelo abismo, pelo que nos deixa incertos e talvez por isso nos ponha à prova, e nos revele nas suas conclusões.

      Bom fim‑de‑semana, Legionário :)

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