sexta-feira, 18 de março de 2016

[foto de Mario Sorrenti]

"Nunca um olhar me seduziu tanto quanto o dela. Dois continentes da mais pura sensualidade, do mais terno acolhimento, da mais devassa cumplicidade. Há duas semanas que não saio de casa: só a ideia de deixá-la sozinha é um sacrilégio. Trocá-la por quê? Pela porra do emprego? Pela companhia dos amigos, essa corja de mal-amados? Pela vidinha, a expediência lamacenta das obrigações e dos compromissos? Deixo-me ficar. A ideia de estar a faltar ao trabalho, de cortar ligações com as pessoas, de responder mal a quem me telefone, de, enfim, deitar tudo a perder, erotiza ainda mais os nossos jogos de amor."

J.P. Simões, in O vírus da vida

Talvez fosse um vírus, talvez fosse maligno, talvez fosse a cura de tantos males... O antídoto do comodismo se aplicado comedidamente, ou o sal da vida se na medida certa...

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