sexta-feira, 11 de março de 2016


"Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança. É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos.
É sempre a vida, é claro, mas com a distância limpíssima das palavras. E tudo sofre de uma insuficiência que a arte tenta reparar, e falha.
Eu espero que a esperança um dia venha e tudo isto não seja mais do que um exercício de gramática."

Pedro Paixao, in Confissão, Nos teus braços morreríamos

Um exercício de gramática, viver pelas palavras, através das palavras, procurar a esperança nas entrelinhas. Escrever beijos não dados, que a vida roubou, em palavras que não valem nada. Palavras sem lábios que sabem ao que não sabemos. Escolher as palavras que sonham a vida que não podemos escolher. Viver escrevendo o que sonhamos, sonhar vivendo o que escrevemos.  
A vida é sempre insuficiente ao sonho. As palavras são à medida do sonho, mas não têm lábios. Os beijos falam sem palavras, os vividos sem gramática.

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