quarta-feira, 30 de março de 2016


... Ando de olho nela há umas semanas... 
Acho que vou adquirir... já (me) apetece o verão claro salpicado de cores traquinas ;)
(Ainda que hoje chova a potes, mas pronto, se calhar isso ainda faz apetecer mais...)

domingo, 27 de março de 2016


... Depois há aquelas criaturas estranhas que sempre dizem ajustar as velas, mas na verdade apenas tentam ajustar o vento às suas velas, soprando em sentido contrário...

[foto @charmabephoto]

Um café envolto em primavera, com música de fundo, na voz doce de Lisa Eckdal, 
lugares vazios ao lado e pensamentos que enchem a cabeça de Outonos a que falta cair a folha.

sexta-feira, 25 de março de 2016

[foto @vorosmate]

A sexta feira santa de preguiça... Não sei como dizem que a preguiça é pecado... Se bem cumprida não se faz nada... Nada! Eheh

Bom dia

quarta-feira, 23 de março de 2016

E depois percebemos que tudo o que ainda queremos
 é ter esperança que um dia o chão nos falte debaixo dos pés, 
assim, 
num beijo que nos arranca do chão.

Bom dia!

segunda-feira, 21 de março de 2016


Original é o poeta
que chegar ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.
Esse que despe a poesia
como se fosse uma mulher
(...)

José Carlos Ary dos Santos

Dia da Poesia, dia de despir a poesia para a amar, por dentro, por fora. Na pele e através da pele, do avesso e pelo direito. Pelo direito de amar um amor inteiro inteiramente, como se tem a um homem, como se tem a uma mulher, sem dia marcado. 
A poesia não são letras, não são poemas em palavras. O poema não está escrito, o poema está em todo lado: no olhar que deitamos ao mundo, no olhar com que vemos os outros, no olhar com que vemos a vida que nos passeia pelos olhos, no olhar que se fixa num momento que nos prende para sempre, como, às vezes, num verso que parece feito da nossa carne de um qualquer autor que nunca vimos, que não conhecemos, mas que nos tem, completos, em palavras que não são nossas mas que sentimos como o nosso próprio esqueleto.
A poesia não é mais que um olhar que sente. Está em todos e em todo o lado. É preciso parar para olhar e ver o sentir. 
Ainda acho que a melhor frase é da Adélia Prado: "De vez em quando Deus me tira a poesia. Olho pedra, vejo pedra mesmo." - é isto.

"A esperança é a última a morrer. Diz-se. Mas não é verdade. A esperança não morre por si mesma. A esperança é morta. Não é um assassínio espectacular, não sai nos jornais. É um processo lento e silencioso que faz esmorecer os corações, envelhecer os olhos dos meninos e nos ensina a perder crença no futuro."

Mia Couto

Há já muito tempo que sei que a esperança não é a ultima a morrer, que há coisas que duram mais, que morrem mais tarde. Como a dor, como a mágoa, como algum passado. A esperança não é a ultima a morrer, o corpo morre depois. E sim, a esperança é morta, nós não a deixamos simplesmente morrer, nem a conseguimos matar numa qualquer versão suicida, vamos apenas aceitando que a vão matando lentamente, dolorosamente. No processo vão-nos apagando o futuro, porque futuro é esperança, quando nos asfixiam a esperança esbatem o futuro, amargam-no, sem lhe encurtarem a agonia. Envelhecemos sem termos futuro - ou por nao termos futuro -, sem o tempo passar, sem chegar a viver, sem acreditarmos na vida. 
A esperança não é a ultima a morrer, mas é talvez a que demora mais tempo a morrer. 
(É também aparentada por linhas travessas de todos os gatos vadios, parece-me...)

domingo, 20 de março de 2016


[foto @runnerkimhall]
Dia para tratar do focinho... Cof cof... quer dizer de mim, dia perfeito para tratar de mim... Coisa a que me dedico tão pouco, que ligo tão pouco, que me condescendo tão pouco. Tratar de mim - ou fazer de conta, porque o que conta, acredito eu,  é a intenção -, sem pressas, sem o sol a puxar-me para a rua, com a preguiça nublada a esticar-me a ronha de sofá, enquanto se alivia a consciência de todas as asneiras que se fazem dias a fio com uma máscara para a pele de meia hora, que só acreditando fazer milagres é que apaga todas essas maldades que nos vamos fazendo... talvez ainda, na loucura, pintar as unhas, talvez até secar o cabelo mais de dois minutos... Mas agora vou acabar o meu café, acabadinho de tirar, quente e a cheirar a canela, como alguns domingos que queremos acreditar perfeitos. Que queríamos sentir perfeitos. Também devia haver máscaras para isso... E se calhar há, eu é que não conheço, nem uso.

sábado, 19 de março de 2016

[foto @charlottography]

O vidro do carro cravejado de pingos de água, do que já foi chuva, agora, parada a viagem das gotas é água, deixa de ser chuva. A paisagem fica assim desfocada. E eu penso que há coisas que por serem transparentes estão lá mas é como se não existissem, como se não estivessem lá porque não alteram a paisagem que os olhos vêem... Parece-me assim, mas acabei de o escrever e pensei na refutação da afirmação: os vidros às vezes embaciam, e o transparente - o que não se vê, o que não existe - de repente renasce do nada. Altera ou tapa a paisagem, o contexto, tudo. E agora com o vidro, transparente, cheio de pingos de água que se demoram a escorregar, lembrei-me outra vez disso. Encontro sempre falhas para as minhas próprias teorias... Há quem diga que penso demais, eu acho que penso o suficiente para comprovar que penso mal, que há sempre mil e uma perspectivas da mesma coisa. E então torna-se-me difícil perceber as coisas, não porque sejam complexas, mas porque a maior parte das grandes respostas são simples, o pior é escolher a resposta simples que é correcta. Vê-se através do que é transparente? Sim, mas não. E é isto. É para o que me dá, andar às voltas parada na sala, a chegar a muitas conclusões que não chegam a conclusão nenhuma. 
Fumar um cigarro neste cinzento molhado e frio, passo a mão pelo vidro molhado... A água pode ser muito fria. Tudo pode ser muito frio. Às vezes não é. Eu é que cada vez estou mais fria. E isso não tem duas perspectivas, não.

sexta-feira, 18 de março de 2016

[foto de Mario Sorrenti]

"Nunca um olhar me seduziu tanto quanto o dela. Dois continentes da mais pura sensualidade, do mais terno acolhimento, da mais devassa cumplicidade. Há duas semanas que não saio de casa: só a ideia de deixá-la sozinha é um sacrilégio. Trocá-la por quê? Pela porra do emprego? Pela companhia dos amigos, essa corja de mal-amados? Pela vidinha, a expediência lamacenta das obrigações e dos compromissos? Deixo-me ficar. A ideia de estar a faltar ao trabalho, de cortar ligações com as pessoas, de responder mal a quem me telefone, de, enfim, deitar tudo a perder, erotiza ainda mais os nossos jogos de amor."

J.P. Simões, in O vírus da vida

Talvez fosse um vírus, talvez fosse maligno, talvez fosse a cura de tantos males... O antídoto do comodismo se aplicado comedidamente, ou o sal da vida se na medida certa...

quarta-feira, 16 de março de 2016

Desejos de distâncias, 
de ficar perto do por dentro 
de mim sem ti, 
sem nós a apertar a solidão às mãos vazias
Desejos de azuis, 
do azul derramado no céu que nos cai nos olhos 
do  caiado branco bordejado de azul céu
de me colar ao azul que o sol aquece sem esbater
Desejos de paz,
do silêncio forrado de tranquilidade
do sorriso que não se vê mas brilha nos olhos,
Desejos de mim
de me querer bem, de me estar bem
entre azuis do céu e da terra 
cosidos na alma.
Azuis pendurados na corda dos dias bons,
dos dias sozinhos que não são sós,
presos nas linhas dum livro que nos pendura os pensamentos
e nos fica a tamborilar sorrisos durante o respirar do dia.
Desejos de um azul meu,
casa de alguém.


terça-feira, 15 de março de 2016

...realmente, é uma conclusão possível, e do mais lógico que se pode arranjar...
Balde... pois seja, sempre tem por onde se pegar...

[foto @ontiveros.co]

Amanhã é terça, hoje começou uma nova semana, já não me pergunto o que me irá trazer uma nova semana, um novo dia, nada. Nada de novo no novo que se estreia todos os dias. As vezes acho que realmente há uma qualquer depressão latente em mim, não me larga por nada, hoje em dia nunca desaparece completamente, está sempre algures debaixo da pele a segredar-me tristezas, frustrações e medos. Será que algum dia me vou livrar dela? Vou voltar a ser o que fui? Já não sei responder a esta pergunta é já não sei qual gostaria que fosse a resposta, porque o que sou hoje é o acumular de camadas de emoções, vivências, dores, alegrias, medos e sonhos. Voltar a ser o que era era apagar tudo isto que me ficou, e que sou hoje, e isso parece-me um voltar atrás, um desaprender, um negar a realidade das coisas. É isso é coisa que não gosto, tenho relutância em fechar os olhos ao que é, seja o que for. Talvez seja daqui que me apontam lucidez na personalidade, mas também talvez seja por isso que pareço triste muitas vezes, como dizia o T. Vejo sempre tendencialmente negro. Mas o certo é que muito da minha vida até hoje tem sido sombria, nunca me faltou nada essencial, mas faltou-me quase sempre satisfazer a essência: a minha essência. Talvez quem me chamava alma grande tivesse alguma razão, não no tamanho da alma, mas no tamanho do essencial comparado com a vida que fui vivendo, como um sapato apertado, vários números abaixo do que a alma precisaria para respirar fundo, bem, alimentada. Ou então não, ou então é à alma que sempre foi doente, sombria, enferma. Não sei, sei que os momentos de alma cheia, plena de vida são cada vez mais ensombrados de medos, de inseguranças, de descrencas, sempre à espera da próxima facada, do próximo golpe. Mesmo que esperado. Como hoje.

segunda-feira, 14 de março de 2016

[foto @nannoubis]

"Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças 
e enaltece as boas e que graças a esse artifício conseguimos suportar o passado."

Gabriel García Márquez, in O amor nos tempos do cólera

Adorei este livro, li-o em poucos dias, suponho que percebo um pouco desta coisa de se esperar pelo amor amando. E é verdade que o coração nos mente as verdades passadas, parece negar-se a guardar o que doeu para nos fazer doer mais as coisas boas que ficaram no passado, que morreram. É um eterno luto pela felicidade. Doeria menos se nos lembrássemos de toda a dor que ficou lá trás, e que agora nos poupamos no presente, por o tempo as ter levado, mas não, não nos lembramos do mal que perdemos, só do bem que não repetiremos. Não sei se isso é conseguir suportar o passado, parece-me que é apenas suportar o presente, minuto a minuto pesado em memórias que não fogem. 
Este ano o meu horóscopo dizia uma coisa muito engraçada: que seria o ano em que me ia despedir do passado, que finalmente ia deixar o passado no seu sitio, ia largá-lo, deixar de o arrastar comigo envenenando o presente, ou melhor, isto já acrescento eu, que acho que se calhar o passado me turva o presente e come o futuro. O horóscopo dizia apenas que seria o ano em que me libertaria do passado... E eu que me parece que o passado se me embrulha nos passos, ou são os pés que sempre me tropeçam no passado. Talvez sejam esses tropeções que sempre me fazem cair. Talvez sejam esses tropeções que ainda me lembrem o que fui, o que posso ser, mas que me deixam suspensa entre o passado e o futuro, sem ser nada em tempo nenhum. Parece que estou à espera que o passado me fuja para correr à procura do futuro. E eu que sei melhor que isso: as boas coisas não se procuram, e quanto mais fugimos, mais perseguidos somos pelo que queremos esquecer.
....Segunda-feira, e eu já estou sem pachorra nenhuma para esta gente, a sério...
Get a life e deixem-me em paz... bahhhh

sábado, 12 de março de 2016


Sábados com tiques de primavera. 
Da cama ouvem-se chilreios lá fora, o sol entra pelas janelas e puxa para fora da cama,
para fora de casa, alicia a pele a descobrir-se um bocadinho. 
Receber a Primavera antes de chegar, chamar por ela antes de vir. 
É o sol que apetece, é a simplicidade dos dias que já nascem alegres.

sexta-feira, 11 de março de 2016


"Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança. É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos.
É sempre a vida, é claro, mas com a distância limpíssima das palavras. E tudo sofre de uma insuficiência que a arte tenta reparar, e falha.
Eu espero que a esperança um dia venha e tudo isto não seja mais do que um exercício de gramática."

Pedro Paixao, in Confissão, Nos teus braços morreríamos

Um exercício de gramática, viver pelas palavras, através das palavras, procurar a esperança nas entrelinhas. Escrever beijos não dados, que a vida roubou, em palavras que não valem nada. Palavras sem lábios que sabem ao que não sabemos. Escolher as palavras que sonham a vida que não podemos escolher. Viver escrevendo o que sonhamos, sonhar vivendo o que escrevemos.  
A vida é sempre insuficiente ao sonho. As palavras são à medida do sonho, mas não têm lábios. Os beijos falam sem palavras, os vividos sem gramática.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Um dia de sol no inverno. 
pedir um café. olhar meia paisagem. 
achar que o melhor está por trás do que não se vê. 
Pensar que transparência partida pode ser quase opaca...
...depende de quão quebrada está. 
Chegar o café.
Fechar a caixa de pensamentos quebrados.

sexta-feira, 4 de março de 2016




(Foto @fiddlejill)

Encontraram-se.
Deram por eles sem noção do tempo ou do espaço 
entre os atrasos e todos os desencontros.
Deram por eles em cima da linha
à espera que o comboio passasse,
sem se lembrarem que o comboio havia de passar.
Deram-se eternidades num atraso do comboio.
Deram-se.


Bom dia

quinta-feira, 3 de março de 2016



A chegar à porta do hotel ele diz:
- vês, olha para ali, é um sinal: aquela loja diz o que tens de fazer "viva", tens de viver, de aproveitar.
-...hum hum... A loja está fechada, luzes apagadas.
Respondo eu muito séria a praticar o que ele chamou de vocação do contra.
Eheheh 
A única coisa que vale é rirmo-nos da nossa desgraça, apimentarmos tudo com ironia e sarcasmo. Sempre nos rimos.

... Muito melhor... Luz em bicos dos pés, pé ante pé, para acordar devagar. Mas não hoje que não há tempo... 

Não fechei o blackout, dei com este sol a acordar o quarto e tudo nele, até eu, que queria dormir mais e os olhos já não queriam. Banho e um daqueles pequenos almoços que eu gosto, é das partes que gosto nos hotéis, o pequeno almoço. Nos últimos anos tenho desenvolvido a arte de aproveitar estes pequenos almoços sozinha, a olhar em volta, apreciar a fauna, o movimento, além do sumo de laranja e os ovos mexidos... Gosto disso sem pressas, hoje pode ser sem pressas, parece-me. Mas o que ia mesmo bem agora era ter aqui umas mãos que me tocassem como esta luz toca as paredes do quarto, ilumina-as, dá-lhes vida, muda-as e nunca deixam de ser o que são. O amor é isso. E eu queria umas mãos de amor aqui agora. Antes do banho. Não tenho, segue o banho...

quarta-feira, 2 de março de 2016


Ahahahah... Muito boa!
Pior é se pega a moda do rebanho...estou cá a pensar.

terça-feira, 1 de março de 2016


Será? Dava um jeitão, e eu até adoro dormir...
 Mas duvido que esta irritação por ser tão cabeça no ar, tão estupida, resolva. 
Só se hibernar durante uns bons anos e acordar já ursa, aí vou ser uma ursa do melhor... Só se for.