quinta-feira, 25 de novembro de 2021


do fundo do armário:
as botas, há muito oferecidas
por quem me roubou caminho,
mas não me encolheu o passo,
nem me tolheu horizontes.
esgravatadas do profundo do tempo
voltaram a pisar o chão
e a levantar-me do frio descalço
dos dias que passaram
sem memória do tempo, do frio ou do chão
ainda sabem andar, de memória,
mas já ando melhor descalça
Não são as botas que andam,
são os meus pés

6 comentários:

  1. Modo automático? Ou despertar da mente?

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    1. Para responder à tua pergunta, despertar de alma. E podem acontecer nas coisas mais simples, como olhar pela quinquagésima vez para um par de botas, arrumadas e quietas há muito, e decidir que naquele dia as calçava. Como se já pudesse, como se calçasse apenas umas botas, para andar, para proteger da chuva e do frio, mais nada.
      ...há coisas que não se fazem modo automático, ou mecânico, temos de ter a consciência delas, de as querer e fazer e algumas saborear, outras deixar doer o que tem de doer, até não doer mais, conscientemente.

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  2. "Não são as botas que andam,
    são os meus pés"

    E "mai nada":)

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    1. Às vezes, e em muita coisa, é bom lembrarmo-nos disso ;)
      Bom domingo, Legionário :)

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  3. Sabes porque gosto de te ler ? Pela sinceridade que sinto em cada uma das ruas palavras. És genuína Olvido.
    Cuida bem desses pés. São a tua força ❤️
    Beijos

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    1. Valerá a pena escrever não sendo genuína? Escrever não é deixar as palavras aliviarem-nos do que transborda? Do que nos ocupa a alma tanto que atrapalha os dias, tantas vezes? Não vejo sentido de outra maneira, ou não consigo escrever de outra forma, mesmo que só tontices do dia a dia, com que as vezes acordamos :)
      Agora deixa-me que te diga, que tenho muito mais razões para te ler do que essa ;) mesmo que ande meio arredada deste mundo…
      Beijo para ti, JI

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