Sozinha agora, sentada na rede com o nariz no ar e olhos perdidos no céu despido de lua, mas nem por isso nu. Não tenho frio, minto, o corpo não tem frio, a alma parece precisar de manta. Nem este manto negro a agasalha. Oiço cães na aldeia que ladram, água a correr perto e de vez em quando uma bolota aos trambolhões cai da alguma árvore até tocar o chão no último restolhar de folhas e ervas. Como tudo na vida antes de chegar ao chão vai tendo vários choques pelo caminho. Olho o céu de novo, nesta noite límpida se frio e aqui as estrelas não caem, ficam-me só nos olhos que se lembram de noites alentejanas em que contava as estrelas que caíam céu afora e que eu trazia no bolso para aquecer a alma em desejos pedidos e perdidos.
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