domingo, 31 de outubro de 2021

[onde apanhei isto, dizia que o artista foi o P183, e eu quando há a informação, dou sempre os créditos a quem de direito]

 E eis que um mês antes dum aniversário capicua, tenho de ir mercar uns óculos. Pois, estou pitosga. Lembro-me muitas vezes de brincar que o braço já não chegava para afastar as coisas, e oferecer-me para segurar, na brincadeira… ainda me rio quando o recordo, agora sou eu que não vejo nada de jeito…Agora já não por falta de qualidade no objecto de atenção, mas porque nem consigo aferir a qualidade do mesmo… enfim dizem que é a idade. Deve ser, começa-se a ver menos ao perto, a ter que estabelecer uma certa distância para perspectiva… tem alguma lógica, mas não dá jeito nenhum. E não gosto de me ver de óculos de ver, mas paciência, não é sempre. Já precisava as vezes para ver ao longe, agora também ao perto. O que não me apetece ver perto é mesmo a próxima terça-feira… irra que isto está cada vez mais difícil, não há meio de me pirar daqui e fazer outra vida… mas hoje é domingo, dia de sofá, filmes, canídeos aos pés, chuva que escorre no lado de fora das janelas. Mantas que aconchegam. E ir comprar uns óculos.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Já não apanho o pôr-do-sol, mas a noite já estendida no céu. Um cigarro de fim de dia, um pedaço de dia quando já é noite, mas a noite ainda não entrou em nós, e devagar começamos a acomodá-la, nos olhos, na alma, no tempo das coisas que não nos apanham.

terça-feira, 26 de outubro de 2021

 
Hoje é daqueles dias que só se navegam a balde… e mesmo assim…
 o que se perdeu de sono compensa-se em café…

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

É algo irónico, ou só profundamente incompreensível, quando uma pessoa de brunches, amante da cama de manhã, tem de acender a luz quando acorda e toma o pequeno almoço ainda sem o sol saber em que dia está… definitivamente não sou pessoa que começa os dias de madrugada. A luz da madrugada, nos meus olhos, é paisagem que chama o sono reconfortante, fecha o dia bem aproveitado, melhor ainda se não houver uma porta a bater. 

domingo, 24 de outubro de 2021

 
… just don’t ask…

Mas são as melhores, por várias razões :))

Pelo menos, eu gosto sempre de recebê-las, são genuínas ainda que normalmente parvas, às vezes quase ilegíveis, mas a intenção normalmente lê-se bem :)

Bom domingo, boa preguiça!

(ando tão preguiçosa há tantos fins de semana, tenho-me baldado a tudo o que não devo… e há uma culpa de doce travo nesse permitir-me mas culpar-me… idiossincrasias)

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

 Enquanto o sol ainda se espreguiça, ainda sem os olhos bem abertos, a terra respira. Por cima do verde que se estende pela janela em movimento, há uma névoa quase espessa que a terra expira e despede. Quando o sol acordar e ja andar pela casa, não haverá tempo sequer para respirar, a terra será simplesmente verde. Será simplesmente. 

quinta-feira, 21 de outubro de 2021



[ foto @tk.photo_ ]

Que me encostes à parede
Que te coles a mim 
Que te sinta crescer em desejo e urgência 
Que as tuas mãos sejam  remédio e a tua vontade cura
Que a febre seja nossa e intransigente 
Que o teu arfar quente seja música com fundo
Que não me deixes solução
E que o problema sejas tu
Que te deixe sem saída 
E o teu sítio 
Seja sempre
Eu
O que eu queria?
Sabes lá tu…
O que eu queria?
… Que tu existisses

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

 


Uma folha no chão, no meio das outras, à espera da chuva, do sol, do vento que a arraste dali ou ali a deixe ficar. De alguém que nunca a veja, ou de alguém que goste de vestir os livros por dentro, com folhas ou outros pedaços que marcam o tempo de cada um, de alguém que depois de a guardar no meio das páginas dum qualquer romance improvável a visite num serão calmo, num fim de tarde onde as cores ardem no horizonte, numa noite de chuva, num tórrido dia de verão. Sempre com um sorriso e uma memória. À espera de alguém que veja longe bem de perto, e a queira para se lembrar dum dia doce de outono, a estação que lhe veste a alma em todas as estações. Olho, olho-me, e essa folha sou eu. Penso em que livro vou guardar-me, enquanto olho a encosta da minha cidade, vestida de névoa e chuva miudinha. O Outono voltou, já o sentem?

sábado, 16 de outubro de 2021

 Acordo e penso que passou. Levanto-me enfio-me na cama da miúda, abraço-a sinto-lhe o cheiro dos cabelos. Discretamente, quase para não se dar conta, a cadela sorrateira sobe para os pés da cama. Não passou. Não sei sequer o quê, mas sei que não passou quando sinto lágrimas silenciosas que não autorizei caírem de terreno seco e árido, aos olhos secos de tanta gente. Há em mim vários lutos mudos e calmas revoluções que não controlo, e nem sei se conheço. Não passou, só me falta descobrir o quê.

 Há pessoa que estão sozinhas, e há pessoas que são sozinhas. Há pessoas que de tanto estarem sozinhas tornam-se sozinhas. Dizem que nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Acho que ninguém nasce sozinho,  ninguém, ainda que se possa morrer sozinho. Entre uma coisa e outra,  depende, haverá de tudo, mas diria que são poucos os momentos em que verdadeiramente nos sentimos acompanhados, acompanhados com compreensão, carinho, amparo, aconchego até, ou então isto é só um pensamento de quem é sozinho, ou se tornou sozinho. Já não sei.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

 Devemos aprender a desistir. Desistir de alguns amores, algumas amizades, empregos, sem desistir do Amor, da Amizade, de fazer algo que gostemos e podermos viver disso. Aprender que as desilusões são o apurar de essências, só fica o essencial, o que vale a pena. Saber desistir é mais difícil do que dizem as bocas do mundo, e tantas vezes é preciso mais coragem do que continuar e insistir. Desistir implica reconhecer um fim, confronta-lo, digeri-lo, assumir derrotas tantas vezes. Não é para todos. E ainda não sei se é para mim.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021


 Ahahaha… coisas de mocinhas com um certo feitiozinho…

Fartei-me de rir quando recebi isto :))

Bom dia!


quarta-feira, 13 de outubro de 2021

 Dum lado a lua, ladeada de árvores, do outro uma faixa de réstias de luz a ser engolida lentamente pela terra. Os meus olhos pesados de sono cansado e cheios do silêncio das coisas já ditas. Rituais e sítios que não se despediram de nós. Um cigarro lento que cose o dia à noite antes de rumar a casa e pensar na vida que não me apetece lembrar, aqui assim, nesta nota de tempo semi breve.

domingo, 10 de outubro de 2021

O nascer do sol, ou o surgir por trás da serra, o amanhecer e toda aquela festa de cores adiantou-se aos nossos olhos e a alguém que se atrasou (e não fui eu, desta vez não fui eu). Talvez não tenha sido bem o nascer do sol, foi uma espécie de renascer, mas todos temos direito, né? Todos os dias, até. Isto se levássemos esta coisa de viver a vida com bons modos.
E trabalhar amanhã, vontade, cadê ‘ocê? Hum?
 

sábado, 9 de outubro de 2021

 Sozinha agora, sentada na rede com o nariz no ar e olhos perdidos no céu despido de lua, mas nem por isso nu. Não tenho frio, minto, o corpo não tem frio, a alma parece precisar de manta. Nem este manto negro a agasalha. Oiço cães na aldeia que ladram, água a correr perto e de vez em quando uma bolota aos trambolhões cai da alguma árvore até tocar o chão no último restolhar de folhas e ervas. Como tudo na vida antes de chegar ao chão vai tendo vários choques pelo caminho. Olho o céu de novo, nesta noite límpida se frio e aqui as estrelas não caem, ficam-me só nos olhos que se lembram de noites alentejanas em que contava as estrelas que caíam céu afora e que eu trazia no bolso para aquecer a alma em desejos pedidos e perdidos.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

 

[ Julio Cortázar, in Desoras]

Porque escrever fica as coisas no tempo no seu tempo, no nosso tempo, que revisitamos depois, quando deixa de ser tempo, ou o nosso tempo. Assim, ali, está sempre presente, somos sempre o que fomos, sentimos agora o que já não sentimos, como essa terceira dimensão onde tudo cabe, e não cabe em mundo nenhum. Coisas que não aprendemos a esquecer, mas escrevemos para aprendermos a respirar o tempo e o deixarmos ficar nas palavras e não nos ombros.

 
“These boots are made for walking “….

Não exactamente, mas também serve quando se quer, e para descansar são boas :))

[está um calor que não se pode… daqui a nada parece-me que vou experimentar águinha gelada… eu podia fazer disto vida. Trabalhar por quê?? Hummm?]

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Pequeno-almoço. Cães à volta, sossegados. 
Planos para passeio, tempo de Outono: de dia, verão, já a noite quer-se agasalhada. 
E isto. 
"Bem que se quis 
depois de tudo 
ainda ser feliz".

... como não? como poderia ser de outra maneira? mesmo sem caminhos para voltar (ou principalmente), tanto faz, o desejo de alguém ser  nosso maior prazer é o mundo inteiro num instante teimoso, que se espera que nos volte a surpreender nalgum virar de esquina da vida e nos dê a volta de volta à vida.
Entretanto, toma-se o pequeno almoço devagar, tira-se um café, voltamos a ouvir a música, e pensa-se o que raio fez a vida da nossa vida - que pessoas nos passaram pela vida e como, o que nos deixaram, e o que nos levaram  - e o que nos pode fazer ainda, mas o destino  de alguns é querer sempre mais, melhor, tudo o que valha a pena, como o nosso desejo ser o melhor prazer de alguém, numa manhã de férias, ou qualquer uma. E eu serei um desses alguns, suponho.

[sempre adorei esta música, esta letra, e há alturas em que faz ainda mais sentido, ou eu quero que faça, se calhar]

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

 


Dia de andar de um lado para o outro a despachar algumas coisas que precisavam ser feitas. Pelo meio um café com o meu pai e a minha filha. Depois o final do dia, as voltas na cidade, o trânsito que leva as pessoas onde precisam chegar, e eu sem querer chegar a lado nenhum.  Depois parar, ver a luz desaparecer no horizonte, olhar as mesmas árvores a despedirem-se mais uma vez das folhas que deixaram de ser novas, fumar um cigarro e deixar-me ficar. Um carro que pára ao meu lado, depois outro que deixa livre o vazio ao lado da janela. Quando não sabemos onde queremos ir, onde devemos chegar, deixamo-nos ficar no tempo que corre e chega, sem sabermos. E nunca chega.


 O Verão já foi, está aberta a época de chuva, e com ela dos casacos de pele. Um bom cabedal é sempre uma coisa boa e jeitosa para ter à mão. Cai bem nesta altura, né? E até noutras, até noutras.

[Paul Éluard ]


O beijo à altura dos céus 

O céu à distância de um beijo

O que estará mais perto?


 

domingo, 3 de outubro de 2021


Almoço de famelga, aniversário 50+1 de uma prima. O ano passado não houve comemorações nem ajuntamentos, então este ano foi neste espirito comemorar o que o ano passado roubou, mais um! O sítio absolutamente espectacular, fiquei com vontade de ir e ficar. Curiosamente, num espaço que há anos tinha andado a pesquisar para uma passagem de ano em grupo. Agora foi parar às mãos dessa minha prima por voltas do destino. Fiquei de usufruir de desconto para família :)) um sitio onde se ouve o rio correr e se pode ver da janela de leitura (juro que aquela janela comprida, enorme, de parapeito largo para sentar ou deitar em almofadas, não poderia ser para outra coisa aos meus olhos... bom, talvez namorar também seja uma boa opção, mas os meus olhos desabituaram-se de ver amor, agora vêem só livros em tempo comigo, ainda mais que dantes), um sítio perfeito para esta altura do ano. Encantei-me foi o que foi. Ontem foi um dia bom, apesar da chuva para cima e depois da chuvada para baixo. O dia acabou com duas garrafas vazias já na minha mesa de jantar e conversa até às quatro da matina, soube-me tão bem. O vinho, as gargalhadas sonoras, a companhia, a chuva a cair do lado de fora da janela, iluminada pelas luzes da rua penduradas nos postes que me conhecem de tanto olhar para eles nos mais variados momentos e horas da vida. Ontem foi um dia doce, que acompanhou maravilhosamente o tempo melancólico de Outono, e o verde que a natureza esbanja aos nossos olhos com toda a sua força.