terça-feira, 28 de setembro de 2021
segunda-feira, 27 de setembro de 2021
domingo, 26 de setembro de 2021
sábado, 25 de setembro de 2021
quarta-feira, 22 de setembro de 2021
Quando bruscamente, nas trevas da noite,
Ouvires passar o tropel invisível das vozes puras,
O coro celeste das sublimes harmonias,
Abandonado definitivamente pela fortuna,
Desfeitas em pó as últimas esperanças,
Esvaída em fumo uma vida de desejo.
Ah! não sucumbas lastimando um passado
Que te traiu, mas como um homem
Que se prepara há muito tempo,
Despede-te corajosamente
De Alexandria que te abandona.
Não te deixes iludir e não digas
Que foi sonho ou um logro dos teus sentidos,
Deixa as súplicas e os lamentos para os poltrões,
Abandona vãs esperanças.
E como um homem que se prepara há muito tempo,
Resignado, altivo, como te compete
E a uma cidade como esta,
Abre a janela e olha para a rua
E bebe a taça inteira da amargura
E a derradeira embriaguez da multidão mística
E despede-te de Alexandria que te abandona.
Konstandinos Kavafis
[justine, lawrence durrell]
domingo, 19 de setembro de 2021
Hoje foi dia de dar passeio aos cães, depois de dormir o que me faltava dormir e fazer toda a ronha que me apeteceu. Voltar a casa ao fim da tarde, pegar no carro ir comprar cigarros e pão e ver as últimas cores pela janela do carro enquanto fumo um cigarro e penso que a segunda feira não me apetece. As semanas passam a correr, mas o fim‑de‑semana parece sempre ultrapassá-las em velocidade… não percebo este fenómeno…
sábado, 18 de setembro de 2021
Hoje foi dia de começar o dia numas mãos quentes que nos percorrem o corpo e nos trazem a ele, ao mesmo tempo que nos faz abandoná-lo, esquecê-lo. Uma hora que aquelas mãos nos dão a nós, nos devolvem, para a cabeça vaguear entre as sensações da pele e as mil e uma coisa que nos passam pela cabeça, umas para resolver outras só para dissolver em suaves prestações. Aquelas mãos ou outras, o facto de serem de homem já não me faz confusão, nem sei se faz diferença, mas suponho que sim, terão um toque diferente. Também foi dia de acordar com dor de cabeça de fim‑de‑semana a seguir a semana difícil, e ainda é… e é dia de tomar café com o meu pai numa esplanada por aí enquanto o tempo não passa e tanto já trespassou. Hoje é dia de ser dia e aproveitar o que os dias podem ter ou nós lhes podemos dar…ou tirar.
quinta-feira, 16 de setembro de 2021
Escrevinhei para aqui o que penso desta coisa das vacinas e de como parece que levei uma sova dum comboio de alta velocidade e de como detesto que me retirem o direito de opção, de decidir e avaliar os meus riscos e assumi-los. Há muita gente que de bom grado entrega as decisões da sua vida, e claro a responsabilidade pelas consequências, não é-o meu caso, até quando é para deixar alguém decidir por mim, isso tem de ser uma decisão minha. Nisto das vacinas não foi, foi compulsório, indirecta e veladamente, mas foi. E não gosto. E não, não sou negacionista, apenas questiono muitas coisas e não sou adepta de carneiradas. Não tenho certezas, mas quem decidiu por mim também não as tem, mas as consequências serão minhas. Não gosto. Disso, de hoje parecer que a minha cabeça não cabe na caixa, das náuseas e de me doer o corpo todo. E não ter sido consequência de decisão minha. Irrita-me…Mas dizia eu, escrevinhava eu p’raqui e desapareceu tudo. Isso também me irrita sempre que acontece. O dia está a correr mesmo bem, portanto.
segunda-feira, 13 de setembro de 2021
Cai como furiosa, resmunga alto de tempos a tempos, tomou conta do azul do céu e pintou-o de cinza encharcado. E eu oiço-a cair, vejo-a escorrer pelo vidro da frente e a toda à volta. Não abranda nem descansa, dá outros nomes à via rápida e oferece piscinas para escorregar. Parece inverno, mas ainda não. É já noite, e a noite ainda não chegou. É só para nos trocar as voltas, ou gozar com quem não teve férias e ainda as queria tirar. É nestas alturas que sabe bem estar em casa, mas a mim, e agora, não me apetece. Apetecia-me sair do carro e lavar a roupa no corpo, ou lavar a alma com a roupa colada à chuva. Sempre gostei de chuva, e de botas, e de chuvadas tropicais. Suponho que falta a parte tropical, porque para as botas não deve faltar muito…
sábado, 11 de setembro de 2021
A noite está maravilhosa, as pizzas comeram-se aqui fora na varanda, acompanhadas desta temperatura dócil e deste tecto negro salpicado de magia, tudo balanceado pela luz duma vela que dança nas sombras. Agora fuma-se um cigarro antes de escolher um filme para ver. E olho a lua, corada, a aninhar-se devagar no colo dos telhados das casas iluminadas…Não é preciso muito mais. Temos o suficiente, só temos de ter as pessoas certas para se tornar extraordinário.
quarta-feira, 8 de setembro de 2021
Hoje precisava desta paisagem dourada como a encontrei há dias, mas não as cores são frias e coadas pelas nuvens. Precisava daquela tranquilidade que o por do sol nos dá, mas hoje não há maneira da tranquilidade assentar arraiais no espírito. Paro e parece que o coração não desacelera. Fumar um cigarro ou dois e deixar a brisa leve entrar.
Realmente, neste momento era mesmo uma benção. Ainda que promessas, valham o que valem, e não valem nada.
domingo, 5 de setembro de 2021
sábado, 4 de setembro de 2021
Começar o dia devagar, a meia luz, com um toque quente e firme, não demasiado leve nem o seu contrário, apenas a medida certa numas mãos que nos percorrem enquanto nos deixamos levar àquele limbo entre o adormecer e o acordar dos sentidos. A mente vagueia, ou perde-se, não sei por onde, frases soltas pela cabeça, imagens por sossegar, esquecimentos por esquecer, mas o corpo regressa como que em vagas de consciência de si, ou de mim. Deixo ir e vir cada pensamento, como um fluir que não prendo nem busco. Fico a pensar, de olhos fechados... a pele também tem uma linguagem, mesmo que ande muda por algum tempo. E tem memória, adormece por vezes, mas também sonha acordada. Saio de lá leve e lenta como uma manhã de domingo, como um feriado no meio duma semana caótica, exactamente o que se quer. Para a semana há mais. Não viajo como se a vida dependesse disso, não tiro mais de três semanas de ferias por ano, tenho um carro com a idade da minha filha adolescente, não gasto dinheiro em marcas de roupa, não faço muita questão em jantar fora (embora cozinhar não seja um prazer...), mas há muito que queria uma rotina de massagens... acho que decidi que não é desperdício, que não devo poupar em mim (já muita gente, de muitas maneiras , o fez por mim), que me faz bem, e que me sabe bem. Acho que cheguei lá, a esse ponto. Finalmente.
quinta-feira, 2 de setembro de 2021
quarta-feira, 1 de setembro de 2021
Fazem marés menos cheias,
O momento esvazia-se mais depressa,
cada vez mais estreita, menos iluminada.
e fechamos melhor a porta,
Não é de entrada,
mais vale não sair.
Dias há em que só apetecem coisas simples, sem ruído, sem complicação. Sem cores, gente, ou palavras a mais. Como um deixar fluir natural, sem puxar ou empurrar, sem esforço ou deliberação. Só assim, simplesmente ser e estar, sem mais. Uma contemplação sem peso, quase como um olhar sem ver, como a leveza duma existência sem consciência de si. Um abandonarmo-nos sem deixarmos de ser. Não desejar nada e ser sensação envolvente de ter tudo, mergulhar no essencial, e ser parte dele. Era o que me apetecia hoje, uma simplicidade destas, uma tarde que fluiria ao ritmo da alma. E hoje a minha está sonolenta, ou adormecida, mas quase em paz. Quase.