quarta-feira, 20 de maio de 2020




[foto @krejir]

Sonhei-te,
Estavas cada vez mais
Vestido de tempo,
Soterrado debaixo de camadas
E camadas de pó e de lama.
Quase irreconhecível,
Ou talvez completamente.
Cada vez que abrias a boca
Era só vazio que gritavas,
E nem um gemido se ouvia,
Nada.
Cheio de pó que ninguém limpa,
Lama que água nenhuma lava,
Sombras que luz nenhuma vê.
E eu, ali, 
A tactear o caminho da minha própria pele,
Cercada de grades 
que tocam o céu como árvores,
sem saber por que caminho voltar.
Não sei se eras tu, se era eu,
Mas eu acordei.


2 comentários:

  1. A diferença está mesmo aí, "acordaste".
    Tarde boa, menina Olvido

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    1. Acordei. Com uma sensação estranha que me assombrou todo o dia, até a despejar aqui.
      Boa noite para ti, Perséfone:)

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