domingo, 23 de fevereiro de 2020

[Harper Lee, in Não matem a cotovia]

Li o livro em dois fins de semana. Fiquei curiosa acerca do filme, fui procurar na net, encontrei, vi-o e desiludiu, há tantas coisas no livro eliminadas no filme... empobreceu tanto tudo. Gostei muito do livro, daí te-lo lido em tão pouco tempo. Prende-nos a história, e o ter muito sobre que pensar, principalmente sobre o decurso do tempo, sobre aquela época, sobre o carácter e as alturas da história em que o carácter é um fardo que apenas alguns assumem sem escamotear. Coisas para se aprender e reflectir... e se fosse eu? Como pensaria (n)aqueles tempos? Penso tanto nisso sobre tantas coisas e épocas... e gostava de ter mais certezas sobre o não abdicar de ir contra a corrente, pensar pela própria cabeça e confiar nela. E como pensaria a minha cabeça nestas alturas sobre tanta coisa? Gostava de ter mais certezas, de me tranquilizar mais, acerca de mim. Mas tenho sempre perguntas, até sobre mim, sobre o que sou e quanto o sou. O que não duvidei foi que esta (que aqui deixei em cima) era uma grande frase. Coragem; para mim coragem é não haver certezas, haver medo e ainda assim enfrentar, seguir em frente apesar de tudo isso por sentirmos que é o certo. Esta definição é mais contundente, ainda mais pesada e definidora de carácter: é estar vencido antes de começar, ainda assim começar e ir até ao fim. Aliás como faz Atticus em relação ao julgamento do negro inocente. Percebemos depois que ele sempre soube que perderia, como outros no processo de decisão envolto na história. É uma história sobre as pessoas que têm convicções e carregam, aos poucos e na sua medida (im)possível, as mudanças do mundo às costas.

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