sábado, 20 de outubro de 2018

[foto @ryanmuirhead]

Tenho coisas a bailarem-me na cabeça, coisas para escrever que não me apetece escrever. Tenho preguiça de seguir as palavras para um sentido. Com um sentido, um fim. Sinto-as e basta, baralho-as para que não me baralhem, sei o que dizem, sinto-o, mas não o digo. Nem o quero guardar, quero que se desfaçam, que se gastem, que me desapareçam, que se percam, não as escrevo, não quero. Não me apetece, tenho pensamentos a esvoaçar-me por todo o canto de cada hora, mas não quero ouvi-los, nem sabê-los. Quero esquecer-me que sei. Tanta coisa. Quero esquecer tudo sem saber ter esquecido o que quer que fosse. Como se nunca nada, nunca nada de coisa nenhuma. Apetecem-me distâncias de dentro para para fora, mas não sei caminhar sem mim. Ainda que me sinta despida pelo avesso, nua por dentro dos olhos, descalça de alma. Mas ainda assim, estar vazia de mim, não é não ser eu. Antes fosse.

2 comentários:

  1. É indispensável conhecermo-nos a nós próprios; mesmo se isso não bastasse para encontrarmos a verdade, seria útil, ao menos para regularmos a vida, e nada há de mais justo.

    Bom dia, Vi:)

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    1. Indispensável é saber viver conforme nos sentimos na nossa pele, se isso é conhecermo-nos ou não, já não sei, mas parece-me que há pessoas que têm uma ideia completamente errada de si mesmas e são muito felizes assim, às vezes - e até nisso, a ignorância é uma benção - por isso não sei se precisamos de nos conhecer verdadeiramente para nos regularmos, não sei... eu já não sei nada.

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