Duas garrafas de vinho tinto, do bom, depois aterro na cama e resumo a noite como a viragem entre o chegar a casa com a sensação que a vida não tem grande sentido, e achar que uma pessoa que conheci há oito anos numa situação engraçada é hoje um bom amigo com quem partilho valores e princípios, ( e garrafas de bom vinho que traz debaixo do braço, quando passa aqui pelo burgo, e às vezes um jantar como há umas noites atrás) uma pessoa que admiro e acompanho, de quem gosto, e que de repente faz parecer com que acasos muitas vezes sejam casos de muito sentido. Ou de se tornarem com muito sentido, só temos de deixar o tempo fazer a sua magia, e as pessoas serem quem são. Ouvi coisas que gostei, que me tocaram verdadeiramente, coisas em grande, que não sei onde as desenterrou ou pensa que as foi buscar, mas eu registei, e tocou-me. Não tinha como não. Dizer-me que só não sou namorada dele porque não quero e ele entende porque sou trabalho para tempo inteiro e ele está longe, não me toca ou diz nem metade do que deixou escapar.
Deixa-me uma sensação boa, que não sei explicar, saber que há no mundo meia dúzia de pessoas (não mais e talvez nem tantos) que se eu morresse amanhã tentaria dizer, contar, explicar à minha filha a mulher que eu tentei ser, que eu gostaria de ser. Mesmo que não tenha chegado a ser, a não ser aos olhos de meia dúzia de pessoas (não mais e talvez nem tantos). Não sei o que faço para algumas pessoas me dizerem sobre mim coisas que não só me surpreendem como não sei onde as vão fundamentar. Mas essa era a mulher que eu realmente gostava de conseguir ser. Sempre. Em tudo. Mas sei que não sou. Sei, isso sei, que pelo menos há pessoas que têm a certeza que podem contar comigo e que confiam em mim, em como sou. E isso é tão bom e reconfortante. No meio do caos da minha vida de repente há um desnorte que ganha uma bússola. Um sentido. Um qualquer porquê. E eu sou uma pessoa de porquês... acabo a noite melhor do que a comecei. E isso é bom. E o vinho também era. Muito.
A vida tem caminhos e voltas que demoram a fazer sentido e que nos surpreendem. Gostei de ler e de sentir que estás bem contigo.
ResponderEliminarUm beijo e uma boa tarde Olvido :)
... acho que há alguns que nunca chegam a fazer sentido, mas quando encontramos algum que depois faça sentido, é um reconfortante alento :) e ficamos bem connosco.
EliminarUm beijo e boa noite, JI
"No meio do caos da minha vida de repente há um desnorte que ganha uma bússola. Um sentido.Um qualquer porquê."
ResponderEliminar:)
Tão bom saber, querida Vi, que finalmente algo bom te acontece!
Sabes... por mais que não te apercebas, és mesmo e de verdade, uma pessoa excepcional e admirável.
Beijo
Nanda
Acontece, às vezes, acontecerem coisas boas que fazem sentido, talvez com isso queiramos acreditar que a seu tempo tudo nos fará alguma espécie de sentido.
EliminarObrigada, querida Nanda :))
Beijo
Aproveita a vida, o que ela te dá!
ResponderEliminarNunca te arrependas de lutar pelo que te faz sorrir!
Bom dia -___-
Olha, Corvo, já não me lembro de lutar por coisas que me façam sorrir verdadeiramente, luto todos os dias por coisas que quero manter e fazer crescer a nível profissional, mas essas que falas há muito que deixei de lutar ou, se calhar, acreditar que valha a pena lutar.
EliminarBoa tarde :)
As relações humanas são vastas como desertos: ela exigem toda a ousadia...a propósito também gosto da "Quinta da Alorna"
ResponderEliminarBoa tarde, Vi:)
É verdade :)
EliminarA segunda garrafa, bebida já na varanda, já não foi Quinta da Alorna, penso que foi Montes Ermos e também era boa, mas a primeira era bem melhor... ;))
Boa tarde, Legionário