segunda-feira, 26 de setembro de 2016



...há dias em que é muito difícil. Tudo...
Chatear-me com a miúda, ficar neura, tentar afastar a neura com um café com o N. e uma troca de brincadeiras com um primo maluco, a neura não abandonar o barco, a meio da tarde saber que tiveram de ir para o hospital de urgência porque são teimosos e não ouvem o que se lhes diz, apetecer-me dar palmadas como às crianças, lidar com o pânico e o medo de quem fica do lado de fora do hospital, aguentar as pontas quando não há ponta por onde se pegue, tentar trancar a neura para animar outros, fazer o jantar para todos e desejar só chegar ao sofá, sozinha, ligar a televisão para estupidificar o cérebro e esquecer-me que a minha vida existe e que amanhã começa mais uma semana... E para quê? Sim, para quê? Irra que estou farta disto, de tudo. Desta vida estúpida, da estúpida da minha vida, de mim, de estar amarga e não sei porquê, de me deixar estragar por quem me estragou sem já sequer se lembrar que eu existo, estragada ou não, por não conseguir dar-me a volta quando não há volta a dar, a não ser continuar e fazer de conta que nada foi. Quando já foi tudo o que havia para ser e não sei o que me resta para ser, para eu ser. Evaporei-me e já nem a intensidade me condensa. Preciso de me chover de novo, de começar um ciclo, de renascer, e amanhã começa outra semana e eu continuo sem saber porquê ou para quê. 

[escrito ontem à noite mas não sei porquê não foi publicado]

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