quinta-feira, 27 de outubro de 2022


 Hoje sonhei com coisas antigas, talvez por isso a minha cabeça escolha vezes sem conta - em modo repeat mesmo -, povoar o silêncio com o refrão de "Love me two times, I'm going away"...  distraio-me e pimbas, lá me aparece outra vez por dentro do que não falo, nem digo, nem converso no silêncio da casa, enquanto arrumo as coisas, a música... Gosto da música, sim, mas não tanto que sempre me venha parar à boca pelo lado de dentro. Haverá outras coisas que, sem dar conta, a põem lá. Hoje sonhei com coisas antigas, ou melhor, com pessoas antigas vistas com os olhos de hoje, mas não gostei, não paguei aquele bilhete, não pedi aquele filme, porque raio mo puseram na tela do sono? porque da tela dos sonhos não consta... também não foi um pesadelo, foi só um irritante. Curiosamente, lembro-me agora, no filme uma moça cabeluda dizia-me que eu tinha uma voz irritante, concordei com ela, até, se calhar sim, mas melhor a voz que o que se diz, não? Aquele irritante de rilhar os dentes pela estupidez ouvida, sabem? Prefiro as vozes irritantes que se podem tornar companhias nada irritantes, digo eu. E o filme não tinha banda sonora... apercebo-me agora.... "Love me two times, one for tomorrow, one just for today, Love me two times,  I'm going away" ... não sei por que raio hoje me deu para aqui, ou à minha cabeça... às vezes ela acha que é independente, a sacana. Em mim devem haver coisas independentes a mais, porque o pior é que não são todas independentes no mesmo sentido e cada um acha que manda.... a cabeça acha que manda e diz uma coisasem querer saber de mais nada, a alma sabe que manda e pensa outra, à revelia do que se opuser... e valhamedeus tantas vezes não sei por onde ir, cansada de todo e só a querer sossego na cabeça e na alma... com as emoções a cantarem coisas que não entendo, e ora me acordam ora me adormecem. Mas o que melhora sempre é a distância, e o caminho para lá chegar, o carro a deslizar na estrada, a viver cada curva e a esticar cada recta, e a música do entretanto. "Love me two times, baby,  I'm going away"

(talvez ouvindo ela desapareça...)

2 comentários:

  1. Descartes chama "génio maligno" ao sonho, por ser fruto do nosso inconsciente... E não trazer conhecimento válido. O problema é mesmo quando mexem connosco, com o nosso passado, com o presente emocional. Beijos

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    1. ... realmente, não sei se é sempre maligno, mas lá que tem em certo génio.. lá isso concordo :D
      E acho que pode trazer conhecimento válido se os soubermos ler além da superficie, e quando o queremos fazer... que nem sempre é o caso. Quanto mais mexem connosco mais nos deverão dizer, há qualquer coisa na raíz desse "mexer" connosco que pode mostrar-nos muita coisa. Ou não, se não estivermos virados para mergulhar nos nossos porquês e nos nossos passados. Desta vez não estive para isso, foi só um daqueles filmes que me passou pelos olhos, mais nada.

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