segunda-feira, 24 de outubro de 2022

 E no primeiro dia de férias do trabalho mas primeiro senoutes trabalhos, na loja do cidadão, enquanto analiso a distância entre o número que tenho na mão e o número atendido sinto uma olhos observadores. Certo que vejo cada vez pior ao longe , e ao perto também mas isso há menos tempo… vejo um personagem que não via há muito. Era dono de um café onde ia muitas tardes estudar. Tomava café, lanchava e as vezes voltava a lanchar, nos entretantos mergulhava nos livros. Ele era simpático, e giro que se farta, e além disso acho que engraçava comigo, com as minhas respostas prontas, o sarcasmo ou o sentido de humor. E era recíproco. Eu engraçava com ele. Com talvez mais 15 anos que eu, ou perto disso, não sei e nunca me interessou, mas que sempre lhe achei piada, achei. E hoje também. Ele teconheu-me logo,  eu tive um pequeno delay, mas também lhe reconheci logo o sorriso, os olhos. O ar de galã meio traquina, mas sempre na dele. Era um bónus que não estava à espera, aqui na loja do cidadão, às nove e meia da matina, entre a senha da EDP e as Águas… mas soube-me bem. O sorriso largo, o cumprimento pronto, o olhar onde não vi os anos que passaram, e foram muitos. Vieram-me as tardes de estudo, os sonhos do que ainda podia ser, a música que ia passando durante a tarde, a esplanada quando tinha sol. E aquele homem, as vezes, por trás do balcão. Agora ali. Reconheci-o também pelos olhos, pelo olhar. Mas o que ele viu pareceu-me diferente. Estarei muito diferente, a ele achei-o na mesma, com mais… faço as contas talvez mais de 25 anos… como me viam há mais de 25 anos? O que viam? Como terá sido aquela vida estes 25 anos? Já não tem o café há muitos, isso eu sei, do resto não sei. De mim não saberá nada, talvez apenas que precisei de alguma coisa no balcão das águas… do balcão dele só sei que há 25 anos era onde eu ia pagar a conta… e ele as vezes dizia, com aquele sorriso malandro disfarçado, que tinha de ter quota quando o nosso futuro brilhante chegasse, tantas eram as horas que lhe ocupávamos as mesas. O futuro chegou mas o dia está tão enevoado… devia ter-me sentado ao lado dele e conversado. Para a próxima não hesito.

2 comentários:

  1. Regressei às minhas origens depois de 17 anos fora, acreditas que em acontece isso cm alguma regularidade? Estava a almoçar num sushi conhecido e vieram perguntar-me: "já não me conheces?", fiquei a olhar e de repente era o rapaz por quem eu tinha um pancadão e uma das minhas inspirações para os primeiros textos do meu blog. Continua giraço e super simpático e super comprometido como eu :) Beijos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :)) tem piada revermos as pessoas passado tanto tempo, principalmente se continuam giraços ;) e simpáticos. Nesses casos, dessas pancadas que tínhamos em alguma altura da vida, ainda deve ser mais giro.
      Beijo

      Eliminar