terça-feira, 11 de outubro de 2022

[foto @nicoladavisonreed]
Meu,
Teu, 
Numa trança. 
Cortámos a trança 
Com lâmina afiada
Mas ainda me aparece 
No bolso 
Do tempo parado 

Na correria de qualquer dia 

Tantas estações depois,

Tu, eu. 

Dois e um bolso,

Cheio de nadas entrelaçados 

Duma trança que já não é tua,

nem minha.

Que raio faz no meu bolso?


[vi esta fotografia, o semáforo onde a seguir parei deixou cair as palavras. Não sei de onde. Deviam estar num bolso e eu não sabia. Talvez há muito tempo, talvez só desde que o preto e branco da foto me acordou a retina. Não sei. Não importa. As palavras surgem-me, às vezes ainda as tento agarrar a tempo de não fugirem completamente. Outras deixo que fujam, noutras até quero.]

5 comentários:

  1. Certos cortes, congelam a vida, o momento parece eternizar-se...Felizmente conseguimos seguir, uns melhor, outros pior mas cá estamos. Um beijo e bom fim-de-semana.

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    1. Seguimos viagem, mas às vezes , no caminho, algo nos lembra o que já foi, algo, que de uma forma ou outra se eternizou, porque continua a surgir-nos na algibeira dos dias. Não sei se é bom , ou mau, sei que (me) acontece...

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    2. Também me acontece e é nesse momento que congelo, depois é mesmo seguir. Às vezes dói tanto que preferia não sentir como o poeta.

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  2. E também há palavras que nos ficam para sempre Vi;)

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    1. Há, e curiosamente sofrem algumas metamorfoses ao longo do tempo... passam por várias leituras e interpretações. As mesmas palavras não as entendemos sempre da mesma forma à medida que vamos calcando a linha do tempo. Talvez como aqueles livros a que voltamos em fases diferentes da vida, e sendo o mesmo livro, é sempre um livro diferente que interiorizamos.

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