segunda-feira, 4 de abril de 2016

Eu sou realmente uma desgraça... Levanto-me, tarde claro, vou à cozinha arranjar um pequeno almoço grande, que serve de almoço, tomo um café na cozinha e resolvo passar pela sala só para fumar um cigarro... Até as oito da noite... Realmente se a preguiça pagasse imposto eu tinha de trabalhar todos os dias, até nos feriados, para conseguir pagar tanta preguiça... Vi dois filmes. O segundo, português, gostei muito. Dei por mim a meio do filme a pensar que falo sempre na poesia da vida, e esqueço-me que devemos é tentar uma vida em poesia, com todos os pequenos gestos não a serem poemas, que paramos para ler e apreciar, mas apenas os sinais, as provas, de se viver em poesia, em sorriso de alma em paz doce. O filme nem uma vez fala de poesia, eu é que tenho uma noção estranha de poesia, como que um modo de olhar o mundo à sentir, como que uma maneira de chorar sorrindo as vezes, outras, sorrindo uma dor que nos rasga. Do filme apenas tiro que há pessoas que esperam sempre o melhor dos outros, talvez seja isso o que chamo vida em poesia, olham para as pessoas e vêem, e acreditam no melhor que elas têm. A poesia transforma tudo, já dizia Amélia Prado, numa das poucas frases que me ficam e nao esqueço, e que aqui pus nao há muito tempo, por falarem tanto o que penso, que se lhe tirassem a poesia, uma pedra era apenas uma pedra. Com poesia uma pedra pode ser um coração quente por despertar, pode ser um arrependimento que arrastamos, uma culpa que nos aparece em cada cruzamento da vida, podemos até ser nós à espera que alguém veja em nós um coração, poesia talvez. Gostei até do título "os gatos não têm vertigens", gostei e fiquei no fim com aquela sensação que a minha vida não vale nada mas podia valer, que não valho nada, mas poderia valer para alguém com poesia no olhar. Alguém que tivesse tempo de me olhar e de me ver até o que não tenho, mas principalmente alguma coisa boa que possa ter, que possa fazer alguém sorrir com a alma e abraçar-me com a vida inteira.

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