Ao fundo do negro, a levantar-se da terra, vejo este meio sorriso em fogo. Como uma timidez que esconde o que na alma arde. Não que a força do fogo seja frágil, não que o fogo seja brando, apenas só se deixa adivinhar, nunca mostrar. Um meio sorriso, uma pestaninha no olhar imenso da noite. Daqui a noites não será de timidez a sua veste, mas de plenitude. Lua cheia, quando todos a olham e admiram, quando ilumina tudo e mostra tudo. Gosto mais assim, tanto mais: uma pestaninha no céu, um olho semicerrado, um desejo por formular que guardamos no baú. Aquilo que se adivinha, aquilo que vê quem vê além. Quem tem um além para procurar, porque o óbvio é pouco e esgota-se muito. O que não se vê é imenso, é tudo.
Triste é o tempo entre o óbvio e o além, a descoberta do todo, pormenor a pormenor, detalhe a detalhe. Difícil é continuar a ver além, mesmo quando não vemos nada senão escuridão.
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