quinta-feira, 16 de junho de 2022

 Sou muito de sofá, e de filmes e de ler. De varanda no verão. De música a cantar a disposição das manhãs de fim de semana, de cães pela casa toda e em cima dos meus pés, às vezes até ao colo, poucas a passear ou a correr. Sou daquele feitio de ser demasiado directa, de dizer o que penso,  sem dar tempo para pensar em como o dizer, e por isso o chamarem de mau. Nunca conheci nenhum manipulador a quem chamassem mau feitio, esses arranjam forma de não desagradar a ninguém, ainda que a poucos agradem verdadeiramente. Sou de intensidades desreguladas, e de voos sem rede e sem pensar. De dar tudo sem pensar no que fica. Sou de amar devagar e às vezes em urgências que queimam. Sou? Ou penso que sou, porque fui? Já não sei como sou ou o que sou, não sei de mim o que restou depois do que me roubaram, e eu entreguei sem pedirem. Sei, ou acredito, que a nossa essência não morre, e o que formos virá à tona dos dias, da vida, tantas vezes com uma força que já não reconhecemos, nem suspeitaríamos... assim aconteçam os amanheceres que a despertem, assim nos descubramos uma e outra vez, na mesma mas diferentes. Será? 

2 comentários:

  1. "Sei, ou acredito, que a nossa essência não morre, e o que formos virá à tona dos dias, da vida, tantas vezes com uma força que já não reconhecemos, nem suspeitaríamos...", É isso mesmo Vi, um grande abraço:)

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