Hoje é noite de dormir com as janelas abertas, é dia de beber esta escuridão com as estrelas a tilintar nos olhos fechados, como pedras de gelo num copo de fim de tarde a derreter o calor sem cerimónias enquanto nos despedimos do sol, e sem saber, de toda a vida até aquele momento. Da praça sobe um murmúrio de vozes que me chega como uma especiaria de silêncio, apimenta a imaginação por outras vidas, tantas conversas, risos espontâneos e vivos, que não se contam, e onde nada se desconta. Como se a vida fosse inteira, sem gomos nem dias, só agora. Só agoras. A brisa de seda que me escorre pela pele lembra o despertar do verão e o calor que as noites devem ter, onde as almas se abrem de par em par, como as janelas fechadas da minha varanda. Às vezes o verão tem de entrar devagarinho e tomar conta da casa, ainda com os agasalhos espalhados pelo chão. Ainda com o pó de Outonos pelos cantos. Gosto quando o verão entra pelo lado da noite. Hoje é noite de abrir as janelas, mas a escuridão não dorme. Talvez eu também não, só a vida parece ter adormecido por meros instantes.
Há que viver a vida Vi, muitas pessoas parecem que andam aqui por andar...
ResponderEliminarBom feriado, por aqui trabalha-se.
Sim, e isso não deveria ser dificil, apenas viver a vida. Tantas vezes o mais simples é tão complexo de atingir. Temos tendência a complicar... Bom dia para ti, daqui a pouco também vou ter de trabalhar um bocadinho... mas a vontade é zero...
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