sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

 O ano da capícua. Deveria dar sorte, dará? Tinha pensado há tempos juntar o pessoal, jantarmos, dizermos umas parvoíces em conjunto e rirmo-nos um bocado. Mas não. Não vai ser. E o ano não sei como vai ser, nunca sabemos também, claro. Os últimos dias têm sido estranhos, penso nisso aqui sentada a ver a lua pelo vidro da frente a olhar para mim, a parecer mais o biscoito perfeito de nuvem do que a lua altiva contra um azul suave. Esta é a altura em que o tríptico do ano me começa a morder, a roer a alma e rilhar os dentes. Cada dente uma mágoa que se entranha nos ossos, mas olhamos para o lado e assobiamos para calar o silêncio e chamar o futuro. Fumo mais um cigarro e piro-me daqui, fujo dos sítios que já foram em mim mais do que lugares.

2 comentários:

  1. Fugir até ser apanhada na volta e ter que enfrentar tudo o que não queres. Será que vale a pena ( diz o roto para o nu)
    Beijinhos Olvido

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Somos sempre apanhados quando tentamos fugir de nós, concordo. Eu tento fugir de me lembrar o que fui, como fui, porque não há como voltar a reviver, a repetir o que foi, podemos só viver, e até isso é um luxo, o normal é sobreviver.
      Beijo, JI :)

      Eliminar