sábado, 6 de agosto de 2016

Despedi-me dele como se não me soubesse despedir, entre um sorriso doce e a sensação que nunca saberei cuidar dele, ou parecer que sei, por muito que o ame e lhe queira o melhor. Por muito que fizesse tudo o que fosse possível fazer por isso. Ele à minha frente, com um calor que nos escorria pelas costas, mais vulnerável que os dias corridos o fazem conhecer, mas que eu reconheço no olhar solitário, tão apegado ao amor por quem gosta e de quem sempre cuida. Não se sente confortável na vulnerabilidade que esconde num olhar meigo. E eu apetecia-me abraçá-lo, mas não aprendi a abraçar o abraço que precisei  naquela altura, alguém tão grande, tão acima, tão pai sendo irmão. Tenho medo por ele, mas sei, sinto, que os meus braços são de bebé para o ajudar, para o proteger, para que a sua força os possa salvar de alguma coisa. Mas estendo neles, em qualquer abraço que lhe dou, todo o amor puro que conheço. E tenho.
Fiquei à espera que o comboio partisse, tinha-me dito que fosse embora, estava muito calor, mas queria-me lá, queria saber-me lá. E eu soube disso quando tentava descobri-lo dentro duma das carruagens com o comboio já em movimento e de repente vejo alguém a acenar-me um adeus alegre, eu não tinha ido embora, estava à espera de lhe entregar o meu. Entreguei, levou-o, há-de trazê-lo de volta.

2 comentários:


  1. Oxalá o tempo dê uma travadinha e to traga de volta :)
    Olá Vi! Achei uma ternura dizeres que os teus braços "são de bebé para o ajudar, para o proteger"...Doce! Mereces tudo de bom.
    Beijinhos
    Nanda



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  2. Sentimos sempre os braços pequenos, de bebé, para proteger quem gostamos. Parecem sempre curtos, sempre pouco. Ou os meus parecem-me :)
    Boa noite Nanda.
    Beijinhos

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