quinta-feira, 11 de agosto de 2016


Está-se tão maravilhosamente bem aqui... A esta hora, por baixo dos pés descalços a tijoleira ainda está quente. Torna o caminhar confortável e aconchegante depois dum sol abrasador. A rua está sossegada, o cão já está aninhado, as estrelas hoje enrolaram-se no edredon de nuvens, não as vejo ainda que as saiba, como, afinal, em tantas coisas na vida, e eu estou aqui, assim, de vestido fino de verão, já sem cinto, sem nada, descalça, cheia de sonhos no corpo e vontades no coração. O verão tem destas coisas, convida a noite a entrar-nos no corpo, os olhos a beberem estrelas e o sossego da escuridão a embalar-nos o virar dos dias. Hoje, o corpo e a cabeça estão exaustos mas já só pensam na liberdade de tempo e de afazeres daqui a uns dias. Aqui estou sozinha, aqui, hoje, quero e gosto - apetece-me estar sozinha. Daqui a dias vou fazer caminhos para outras paragens onde o ar é diferente, as estrelas se juntam ao redor dum céu imenso, onde se vêem estrelas cadentes e manda a tradição - ou só um amor descosido - se faz um desejo... E eu, agora, cada vez que vejo uma estrela cair sem ninguém a tentar agarrá-la e levá-la no bolso do olhar,  penso que é só um amor que deixaram cair e morrer, enquanto outros apaixonados desejam que nasça o amor eterno naqueles que amam... Uns caem para outros os desejarem. Talvez seja isso a vida, ou então são só as minhas estrelas cadentes particulares. Quem sabe?... A noite se souber não diz, guarda. Como se guarda um amor que se sente sem se ter.

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