Foi um calcorrear de jardins, hoje. Somos umas sortudas porque temos nas imediações de casa 3 dos jardins da cidade, que vamos aproveitando. A intenção é sempre sair cedo... tipo dez, dez e meia, que para mim, há uns aos, já seria madrugada, considerando que é fim de semana. Agora já não consigo dormir até à uma da tarde, ou é muito raro, lá para as dez começo a despertar mesmo que seja ficar na cama o que me apetece... e hoje aconteceu, ronha até quase às onze, depois saltei da cama. Pus umas leggings, t-shirt sapatilhas, boné e óculos de sol, e lá fomos nós para a nossa passeata sem rumo definido, o meu rumo favorito. Começámos pela Saudade, depois descemos, atravessámos o Botânico, saímos na Universidade, demos uma volta ali pela alta, depois descemos os Arcos do Jardim e fomos dar à Sereia. A cidade anda cheia de turistas, novos e velhos no passeio. Passei por um miúdo lindo, português, talvez pouco mais novo que a minha filha, uns olhos verde água, lindos, alegres mas meigos e um sorriso aberto, pelo menos foi isso que me dirigiu e eu passei com a quatro patas, e sorri também, mas fiquei a pensar quantas irão chorar por aquele. Não consigo deixar de pensar que quanto mais giros, mais parvos e menos a pena valem... mas haverá excepções, nem todos se tornarão convencidos e ocos. Acho que foi por ter esta ideia que sempre fugi de tipos de certo tipo. Ou melhor, não fugi, só não me diziam nada. Sim, são giros, olha-se e diz-se ah sim sim senhor, e pronto. Mais tarde na vida comprovei a teoria. Eu estava certa. O melhor é olhar, sorrir, e seguir. Não perder tempo. E nós seguimos e andámos pela cidade uma hora e 5 kms, diz aqui a maquineta. Chegámos a casa derreadas e já passava do meio dia, com um calor que nos saía por todo o lado. Cheguei, comi uma fruta, despi-me e deixei-me aqui a descansar no sofá, com um café vagaroso, antes de ir ao banho. Devia fazer isto todos os sábados e domingos que não chovesse, faz bem à alma. Andei uma hora com a tracção às quatro por companhia, sempre feliz, e soube-me bem, não falei com ninguém, não levei sequer música nos ouvidos para entreter os pensamentos. Não, só eu e o tempo, o sol, e deixar a alma espraiar-se na luz que cobre as coisas, na brisa que suaviza o calor, a apreciar a sombra quando o sol aperta muito, ouvir a minha própria respiração e sentir o corpo. Sentir o corpo por dentro e saber que somos no mundo muito mais o por fora. E chegar a casa. Onde o por dentro e o por fora não se distinguem. Ou não deviam.
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