sábado, 20 de julho de 2024

 Insta. Instantaneo, mas não para mim. Serve há muito de album, de registo para o depois. Fica com pensamentos colado a imagens, para que não fujam, para que também eles possam ter um lugar guardado. Fica com os lugares com data, ainda que raramente no próprio dia. Talvez porque me demore a ver, ou porque os olhos precisam de mastigar o que vêem, e só depois poderem ser guardados para a posteridade. Hoje finalmente pus no album as fotos dos 18 anos da adulta pirralha. Foi em Maio... desta vez demorei demais. Mas foi quando foi, paciência. Ficou lá, com referência à data correcta, não vá um dia o Alzheimer trair-me e baralhar-me a data de nascimento da minha pequenitates. Enquanto punha as fotos no album pus-me a pensar como o instantâneo agora é um modo de vida, ou parece. É tudo instantaneo, o ver, o ouvir, o concluir, o dizer, o ser. Se calhar as únicas coisas instantaneas que gosto é o que é espontaneo... é a reacção espontanea, por ser a mais verdadeira ainda que não a certa tantas vezes. E tantas vezes já me desacertei por ter reacções demasiado instantaneas para pensar filtrar antes de dizer. Mas perdoo a espontaneidade com um sorriso que não encontro para a premeditação, para a manipulação. E é incrivel como a certo ponto da vida olhamos em volta e vemos muito mais manipuladores do que alguma vez pensámos poder existir. Até relativiza o desprezo que senti quando percebi a primeira verdadeiramente manipuladora com que a minha vida se cruzou...  concluo agora, como concluí na altura, que é uma coisa de poder sobre os outros, e de ego, com doses generosas de paciência e tempo. Nada mais... Mas voltando ao início, ao insta... o insta é sobretudo instantaneo, mas será espontaneo? e se fosse, o que veríamos lá? Menos felicidade talvez. E será a felicidade que gostamos de ver? Ou de espreitar?

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