E talvez assim o tempo passe melhor entre o despertar e o adormecer de conversas e desconversas, risos e silêncios, entre desvendares e pequenas descobertas, que contrabalançam o que se guarda sem esconder. Cada descoberta é um risco, cada conversa uma rede que nos ampara, mas nos vai prendendo numa segurança só aparente. Mas o tempo passa e não avisa o que muda, ou se muda alguma coisa. A vida é a mesma, mas sabe a diferente, ligeiramente diferente, mas não descobri em quê. Os fins de dia, esta ponte que teimo em fazer ritual, permanece. E eu também. Perguntam-me o que é para mim paixão, e dou por mim a pensar numa resposta com palavras, sempre curtas por mais que se estiquem. Paixão é em essência uma força motora. É o que nos faz fazer as parvoíces mais parvas carregados de razões que sabemos não existirem, mas que sentimos até aos ossos. É como uma força da gravidade que nos puxa incessantemente para o sonho onde mora a nossa felicidade - penso, e sai-me nestas palavras. Mas podiam ser outras, ou uma imagem que guardamos, um cheiro, um momento que enche todas as paletes de cores numa fotografia intemporal a preto e branco. As cores são nossas, as palavras são de toda a gente. A paixão de poucos.
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