terça-feira, 10 de março de 2020



[Eugenio de Andrade ]


Amor estéril, 
ou filhos dele,
Já tive além da conta.

O tempo passou, 
estão maduros
Agora, de porta aberta,
é deixá-los seguir.
Já caíram todas as vezes 
que precisei de os levantar,
de lhes limpar as lágrimas 
e dizer que tudo ficará bem.
Estenderam,
a cada vez, 
as mãos abertas, 
à espera do que eu tinha 
e não guardava.

Já passou o tempo 
Posso deixá-los seguir 
o caminho da lonjura.
Fechar a porta,
fazer amor e filhos 
que amadureçam
que encontrem sempre 
a minha mão, 
como eu a deles,
até quando choro e caio. 
Daqueles que seguem
mas nunca vão,
voltam sempre 
de portas abertas para mim,
com poesia no olhar
Brilhante
do que não se esquece,
sequer precisa ser lembrado.

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